Na Etiópia, a guerra que ninguém vê

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O #Colabora esteve na nação africana para observar de perto o conflito que já deixou milhares de mortos e mais de dois milhões de desalojados

Por Vinicius Assis, compartilhado de Projeto Colabora




Um combatente da Frente de Libertação Popular de Tigré (TPLF) aperta a mão de um menino enquanto soldados são recebidos por pessoas em uma rua em Mekele, capital da região (Foto Yasuyoshi Chiba / AFP)

Aqui falta pão, mas não munição. Imagine um lugar visivelmente pobre onde praticamente todo homem carrega consigo uma arma, quase sempre uma Kalashnikov. Na Etiópia, um rifle desses custa o equivalente a cerca de R$ 35 mil, o preço de três dromedários. E esses homens não são militares profissionais que receberam treinamento adequado para usar uma arma desse calibre. Quase todos são agricultores ou pequenos comerciantes que recentemente se tornaram soldados e participam de uma guerra civil. Muitos não aparentam ter mais de 20 anos. Outros já deveriam pensar em aposentadoria, um privilégio que parece cada vez mais distante. Eles estão na linha de frente combatendo os rebeldes que tentam tomar a região do país onde vivem. E não raras vezes falta comida no combate. Ficam dias sem se alimentar. O que não pode faltar é munição, dizem.

#Colabora  veio até a Etiópia, o único país da África que não foi colonizado, onde ainda há quem se orgulhe mais da própria etnia do que da nacionalidade. É como se existissem vários países, com diferentes idiomas e hábitos, geograficamente dentro de um só. Em Adis Abeba, a capital, fica a sede da União Africana. A guerra na Etiópia começou em 2020, bem antes da invasão da Ucrânia pelas tropas russas, que domina hoje o noticiário internacional.

Mais de 800 quilômetros separam Afdera, na região de Afar, da capital, onde o clima é bem menos tenso e questões étnicas parecem ser bem menos importantes. O prédio mais alto do país se destaca no horizonte de Adis Abeba, com quase 210 metros de altura. É a nova sede do Commercial Bank of Ethiopia, que pertence ao governo. O imponente edifício foi inaugurado em janeiro, em uma cerimônia que reuniu autoridades e representantes de parte do PIB de uma das cinco maiores economias do continente.

A Etiópia é dividida em regiões. Quase sempre a região carrega o nome do grupo étnico que predomina naquela parte do país. Mas como são cerca de 80 grupos étnicos, nem todos têm uma região para chamar de sua. Ao todo são 13 regiões, incluindo a capital, a moderna Adis Abeba, que é bem diferente de Afdera, distrito de Afar, no nordeste etíope, onde é normal ver homens usando uma espécie de saia tradicional, quase sempre empoeirada, e andando de mãos dadas com outros homens, ostentando suas Kalashnikovs sobre os ombros.

Já era comum vê-los circulando com armas em público, dizem os locais. Mas a situação atual fez com que eles se armassem mais e se organizassem em milícias para proteger suas terras na região de Afar, rica em sal, ouro, recursos minerais e cortada pela estrada por onde passam praticamente todos os produtos importados e exportados pelo país. Quem não tinha arma própria aqui disse ter recebido uma de autoridades locais depois da escalada de violência, em janeiro, quando os rebeldes intensificaram os ataques.

Irmãos com queimaduras no corpo se consolam em um hospital na capital da Etiópia. Foto Vinícius Assis
Irmãos com queimaduras no corpo se consolam em um hospital na capital da Etiópia (Foto Vinicius Assis)

Um país de contrastes

A modernidade dos prédios do centro de Adis Abeba contrasta com a simplicidade das tradicionais pequenas vendas com banquetas de plástico na calçada, feitas de estruturas de lona e madeira, onde mulheres servem café, preparado com carvão e sempre com incenso sobre as mesas. O contraste é ainda maior se compararmos a capital com a pequena Afdera.

Muitos na principal cidade da Etiópia parecem viver como se nada mais estivesse acontecendo no país, já que a paz em Adis Abeba não está ameaçada como no fim de 2021, quando rebeldes marcharam em direção ao “coração etíope”. Chegaram perto, mas não alcançaram a capital.

Antes de ter sido suspenso em fevereiro pelo Parlamento, o estado de emergência deu ao governo salvo-conduto para prender milhares de pessoas. Muitas delas dizem ter sido presas simplesmente por serem da etnia Tigré. A Etiópia é o segundo país mais populoso do continente africano, com quase 120 milhões de habitantes, sendo pouco mais de 6% deles da etnia Tigré (tigrínios).

Temos pacientes com lesão abdominal por penetração e lesão cerebral traumática por causa da explosão das balas. E vimos crianças que sofreram traumas de queimaduras e tiveram amputações de pernas e braços por causa de explosivos que foram disparados de longa distância

Hussen AdenMédico e chefe de unidade de saúde na Etiópia

#Colabora passou 13 horas na estrada a caminho das áreas onde os conflitos ainda estão acontecendo, no nordeste etíope. Logo depois de passar por um grupo de babuínos à beira da estrada, o carro da reportagem cruzou o pequeno túnel na altura da cidade de Debre Sina. Foi para onde os rebeldes que seguiam para a capital do país, no fim de 2021, acabaram recuando depois de confrontos com tropas do exército. A ameaça chegou a menos de 200 km da capital.

No decorrer da viagem a paisagem foi ficando mais plana e o clima, mais árido. Nesta área de solo arenoso crescem acácias e arbustos de espinhos secos. A velocidade do carro tinha que ser reduzida sempre ao passar por pastores guiando seus rebanhos de cabras, gado e dromerários. Burros também transportavam galões de água e sacos de carvão.

Em vários pontos da estrada, cordas com sacolas plásticas amarradas sinalizavam os bloqueios policiais. A parada para identificação era quase sempre obrigatória. O visto de jornalista para a entrada no país demorou quase um ano para sair. Além disso, foi preciso pedir autorizações (federal e regional) para ir até Afar, destino da reportagem. Estas autorizações foram mostradas várias vezes na estrada aos policiais, normalmente jovens e com olhos avermelhados. Muitos deles aparentavam ter menos de 18 anos.

A viagem foi pela única estrada que liga o país ao vizinho Djibouti, por onde passam todos os produtos importados e exportados pela Etiópia, localizada no leste da África. O país não tem acesso ao Oceano Índico. Por conta disso, depende de Djibouti para alcançar os navios que navegam pelo Mar Vermelho.

Controlar esta estrada é um dos objetivos dos rebeldes, segundo o professor Dawud Mohammad, que ensina negócios e desenvolvimento na Universidade de Semera. “A autoestrada é o pulmão da Etiópia”, disse ao explicar que os rebeldes tentam cortar a principal rota de abastecimento da nação para sufocar o país e pressionar para que o governo ceda a suas exigências.

Em Amhara, quase chegando em Afar, carcaças de veículos destruídos são vistas à beira da estrada. Há tangues de guerra, caminhões e até carros de passeio. Testemunhas disseram que foram atingidas por munição lançada por drones no início de fevereiro. São tanques e outros veículos militares roubados pelos rebeldes da TPLF (Frente Popular para a Libertação do Tigré, na sigla em inglês).

A reportagem chegou a Semera, capital da região de Afar, com maioria muçulmana, apesar da Etiópia ser um país onde os cristãos predominam. A cerca de 10 km do hotel, à beira da principal rodovia etíope, fica o único hospital desta região, em Dubti. Quem está à frente da unidade é o Dr. Hussen Aden, médico de 27 anos. Ele diz que a pandemia não está em primeiro plano aqui. “A covid-19 não é nossa prioridade, porque estamos recebendo muitos pacientes de guerra”, esclarece. O hospital tem quase 150 leitos, mas atende cerca de 250 pacientes. Novento e oito deles chegaram em apenas cinco dias em fevereiro. Praticamente todos vieram por conta dos recentes ataques de rebeldes. A maioria têm fraturas nas pernas e nos braços.

“Também temos pacientes com lesão abdominal por penetração e lesão cerebral traumática por causa da explosão das balas. E vimos crianças que sofreram traumas de queimaduras e tiveram amputações de pernas e braços por causa de explosivos que foram disparados de longa distância”, detalha o CEO do hospital.

Aden leva a reportagem à antiga biblioteca da unidade, que teve que ser desativada para dar lugar a 15 novos leitos. É onde estava Fatuma Ibrahim, de 72 anos. Ela fugia de um ataque dos rebeldes em uma van com aproximadamente 15 pessoas. O veículo capotou na fuga. Seis pessoas morreram. Fatuma teve a sorte de sobreviver ao ataque e ao acidente, apesar de ter fraturado os dois braços e uma perna.

Enquanto fugíamos, meu marido e os nossos outros filhos pegaram direções diferentes. Temos apenas as roupas que estamos usando e praticamente nada para comer

Juma Ali MohammedRefugiada da Eritréia abrigada em território etípoe

Assim como no Brasil, este hospital público etíope enfrenta vários desafios estruturais. Nota-se que as instalações são precárias, com pacientes pelos corredores, por onde passam também cabras que andam livremente pelo terreno. Pequenos macacos também foram vistos caminhando sobre o telhado enquanto pacientes eram transportados pelos corredores.

Sentado em uma maca no corredor estava Tahir Sila, de 23 anos, que disse ter sido baleado por um sniper durante um ataque dos rebeldes à cidade onde morava, também na região de Afar, exatamente no dia em que, na capital, foi inaugurado o moderno e gigantesco prédio do Commercial Bank of Ethiopia. Ele disse não saber onde está a esposa.

Aicha Nur também se perdeu do marido e de seis dos oito filhos do casal na fuga de um desses ataques recentes. Ela preparava o café da manhã quando a casa onde viviam foi atingida por um míssil. Aicha conseguiu carregar consigo dois dos filhos, em chamas. Nu, de 10 anos, teve queimadura na perna esquerda. Tahir, de 9 anos, tinha o corpo coberto por uma manta durante a entrevista. Com o rosto todo queimado à mostra, recebia um cafuné do irmão mais velho na sala pequena e quente onde também estavam outras crianças feridas.

Nem todos os ventiladores e aparelhos de ar-condicionado do hospital funcionam. Não raras vezes a falta de água impede que cirurgias sejam feitas. Faz muito calor nesta região do país, considerada uma das mais quentes do planeta, onde fica o vulcão Erta Ale.

Desde que os rebeldes intensificaram os ataques na região de Afar, cerca de 300 mil pessoas tiveram que deixar as áreas onde viviam, entre etíopes e refugiados da Eritréia, como Juma Ali Mohammed. Aos 25 anos (15 vivendo como refugiada na Etiópia), ela agora dorme em um antigo depósito de sal perto de Afdera com apenas três dos cinco filhos. “Enquanto fugíamos, meu marido e os nossos outros filhos pegaram direções diferentes”, conta, sentada sobre uma esteira. “Temos apenas as roupas que estamos usando e praticamente nada para comer”.

O olhar desolado dá lugar ao semblante de indignação quando o assunto é a postura do governo de querer minimizar os conflitos. “Se não há guerra quem nos fez fugir? Quem está nos matando? Tudo isso é por causa da guerra. É inegável”, desabafa. Crianças tentam, como podem, tornar a realidade menos pesada. Enquanto duas brincam com uma roda de carro velha, uma outra se diverte calçando luvas cirúrgicas como se fossem meias.

Também perto da cidade de Afdera, crianças caminhavam descalças – algumas sem roupas – no chão empoeirado e cheio de cacos de vidro de uma escola desativada, onde outro grupo agora vive precariamente. Salas de aula se transformaram em quartos coletivos e depósitos da pouca comida que receberam de organizações.

Aqui a reportagem encontrou outra Aicha. Esta etíope já tem a certeza de que não reencontrará mais o marido.

“Ele era agricultor e se juntou à milícia para defender a cidade. Depois de dois dias, ele foi baleado e morreu. Não tivemos nem tempo de enterrá-lo”, relata.

Afdera foi o mais perto das áreas de conflito que Abdela Ali Nur, o coordenador das milícias, permitiu ao #Colabora chegar sem uma escolta adequada, alegando questão de segurança.

Conte ao mundo o que estamos passando, porque estamos abandonados, resistindo enquanto inocentes morrem

Mohammad OtmanTrabalhador etíope

A falta de apoio do exército foi repetida em várias entrevistas, o que fez com que, inclusive na capital, antigos apoiadores do primeiro-ministro ficassem em dúvida sobre o que passa pela cabeça do vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2019. Getinet Adana, porta-voz da ENFD (sigla para Força de Defesa Nacional Etíope) não respondeu as mensagens da reportagem.

Valerie Browning está prestes a completar 72 anos. Nasceu no Reino Unido, cresceu na Austrália e vive na Etiópia há cerca de 30 anos. Dirige uma organização que assiste ruralistas afarianos. Ela também critica a falta de apoio do exército etíope com os ataques em Afar. “O exército não está lá. A TPLF está se gabando de ter 120 mil soldados em combate em Afar. Mas os afarianos têm apenas Kalashnikov, o que é uma espingarda automática. Eles não têm tanques”, enfatiza, antes de classificar como genocídio o que está acontecendo nesta parte do país.

No hospital onde a reportagem esteve, em Dubti, há pelo menos quatro adolescentes feridos em uma área vigiada por policiais também jovens. Os pacientes foram presos e trazidos para o hospital depois de terem se ferido em combate. São meninos e meninas da etnia Tigré que lutavam do lado da TPLF, e, por isso, foram considerados terroristas pelo governo. Disseram que foram obrigados a pegar em armas e partir para o ataque, depois de algumas semanas de treinamento.

A sede da organização dirigida por Valerie fica a mais de 500 km do Museu Etnológico, na capital, onde, no segundo andar do antigo palácio do imperador Haile Selassie, em uma sala decorada com quadros que remetem a conflitos, estão o diploma e a medalha do Nobel da Paz recebido pelo atual primeiro-ministro protegidos por um vidro. Com a certeza de que vive uma realidade diferente de quem está na capital, ela clama por paz.

“Precisamos que esses tanques, os lançamentos de foguetes, tudo isso pare agora. Porque não podemos ter mais deslocados internos, não podemos ter mais deslocamento. Não há mais leitos no hospital de Dubti. Estamos fartos. Precisamos de apoio internacional. Isso tem sido ignorado pela imprensa, pela mídia internacional e pelos governos”, afirma.

Na capital, há quem critique a mídia ocidental e a “intromissão” de organizações internacionais que pedem diálogo e solução realmente pacífica. Em Afar, região famosa também pela descoberta de Lucy, nome dado ao fóssil humano de 3,2 milhões de anos encontrado por arqueólogos em 1974, foram várias as entrevistas que terminaram com etíopes se sentindo invisíveis, querendo ser descobertos, agradecendo porque simplesmente estavam sendo ouvidos, como Mohamad Otman: “Conte ao mundo o que estamos passando, porque estamos abandonados, resistindo enquanto inocentes morrem”.

Desalojados pela guerra vagam pelo país em busca de abrigo. Foto Vinícius Assis
Desalojados pela guerra vagam pelo país em busca de abrigo (Foto Vinicius Assis)

Entenda o caso

Esta é uma guerra entre etíopes e etíopes. Os rebeldes que hoje atacam Afar vêm da região vizinha, Tigré. A guerra começou em novembro de 2020, bem antes de a Rússia invadir a Ucrânia, conflito que domina a atenção da comunidade internacional atualmente. Na época, o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed enviou tropas à região de Tigré para remover do poder o partido governante da região que fica ao norte, alegando que forças locais atacaram uma base militar federal. Até hoje esta é uma parte isolada da Etiópia, há mais de 15 meses sem acesso à internet e telefonia, por exemplo.

Em Afdera, Abdela Ali Nur é o respeitado coordenador das milícias e disse que eles estão lutando sem o apoio do exército do país. Mesmo querendo demonstrar um fio de esperança de que, cedo ou tarde, este suporte ainda chegará, se perguntou, diante da reportagem: por que o governo federal ainda está calado, atrasado para responder e acabar com este crime, assassinatos cometidos pelo TPLF?

A TPLF é um partido político de grande influência no cenário nacional etíope por 27 anos, mas que perdeu força em 2018, quando o atual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, chegou ao poder, promovendo mudanças significativas, que o levaram inclusive a vencer o Nobel da Paz em 2019.

Na capital Adis Abeba, protegidos por um vidro, o diploma e a medalha do Nobel da Paz recebido pelo atual primeiro-ministro do país. Foto Vinícius Assis
Na capital Adis Abeba, protegidos por um vidro, o diploma e a medalha do Nobel da Paz recebido pelo atual primeiro-ministro do país (Foto Vinicius Assis)

O TPLF aparentemente não engoliu o fato de ter perdido força na política nacional. Foi banido do quadro de partidos do país e hoje o grupo paramilitar é tido como uma organização terrorista pelo governo da Etiópia. Nem todos os integrantes da etnia tigré apoiam os ataques dos rebeldes do TPLF. Só que, por serem do mesmo grupo étnico, se dizem perseguidos e vítimas de um genocídio em andamento. Genocídio também é uma palavra usada por etíopes de Afar, atacados por tropas do TPLF com poder bélico muito maior, que dizem estar sendo executados aos poucos pelos rebeldes da região vizinha.

Aos 62 anos e com 12 filhos, Mohamad Otman é outro agricultor em Afdera que tem usado sua Kalashnikov para ir à linha de frente defender sua região. Ele conta que em um dos conflitos, também no início de fevereiro, saiu do campo de batalha carregando nas costas um companheiro baleado. Foram até a cidade mais próxima em uma ambulância com 11 feridos. Sete sobreviveram.

Claramente, ele é outro etíope desta etnia que não se conforma com a postura omissa do governo diante dos últimos ataques. “Se você, como estrangeiro, perguntar eles dirão que não há guerra. Enquanto Abiy (Ahmed, o primeiro-ministro) quer persuadir o mundo de que há paz na Etiópia, estamos sendo executados silenciosamente aqui”, disse.

Na capital, o Parlamento da Etiópia suspendeu, em 15 de fevereiro, o estado nacional de emergência estabelecido em novembro de 2021. Dez dias depois do primeiro-ministro, Abyi Ahmed, prometer, na cúpula da União Africana, uma solução pacífica para o conflito que já dura mais de 15 meses, deixando milhares de mortos e mais de dois milhões de desabrigados, que seguem vagando internamente ou buscando abrigo no Sudão, país vizinho. O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) diz que, diariamente, cerca de 300 pessoas são forçadas a deixar as áreas onde vivem por conta do conflito.

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