Por Rodrigo Vianna, O Escrevinhador, Revista Forum –
Os repórteres eram instruídos a usar os dados da PM de Alckmin – o herói paulista da Cantareira.
Foi um show de vandalismo informativo: 280 mil! Meia hora depois, já eram 500 mil. E logo 1 milhão de pessoas.
“1 milhão, 1 milhão”, berravam os repórteres da Globo.
Antes que os petistas fujam para as montanhas (tem um pessoalzinho aí apavorado demais, rapaz), digo aqui: 1 milhão não cabe nem no apê de Ali Kamel em Ipanema. Não!
Sejamos racionais. A avenida Paulista tem 2.700 metros de extensão x 50 metros de largura (incluindo pistas, calçadas e canteiros) = 135 mil metros quadrados.
Calculemos 4 pessoas por metro quadrado. O total chegaria a 540 mil pessoas. Mas, pra isso, a avenida teria que estar cheia, de ponta a ponta. Do Paraíso à Consolação. As imagens mostravam claramente que não estava assim. E havia clarões. Na área em torno do MASP, a concentração era grande, diluindo-se (um pouco) depois.
Na sexta 13, a marcha dos sindicatos ocupou 3 quadras de forma compacta, mas em apenas uma das pistas. Hoje, foram 9 quadras relativamente compactas (da Brigadeiro até a Bela Cintra), mas nas duas pistas. Ou seja, 6 vezes mais.
Se no dia 13, havia 40 mil pessoas na Paulista, hoje havia (6 x 40) cerca de 240 mil. 300 mil estourando (contando as ruas laterias e região dos Jardins)…
O DataFolha, aliás, acaba de publicar sua medição científica: 210 mil pessoas na manifestação da paulista. Vejam que a PM falava em 1 milhão. Por que a Globo não fez contas? tem 50, 70 funcionários na retaguarda. Preferiu números da PM de Alckmin.
No Rio, as imagens mostravam claramente que não passavam de 5 mil na avenida Atlântica (a PM e a Globo falavam em 15 mil).
Em BH, foram 25 mil.
Em Brasilia, cerca de 40 mil (a PM chegou a falar em muito mais).
Se somarmos todos os protestos da direita branquinha no Nordeste, não chegamos a 30 mil pessoas (numa população de 27 milhões).
Se somarmos Porto Alegre, Curitiba e todo o interior paulista, não teremos 70 mil nas ruas.
Então, calma!
A direita rugiu. Com ajuda inestimável da Globo. Mas menos de 500 mil brasileiros foram as ruas.
O que deu a impressão de assédio final e força? A Globo!!!
O dia 15 foi uma operação da direita quase fascista, com um empurrão da Globo – que tentou vender tudo como “manifestação das famílias contra Dilma e contra a corrupção”.
O inimigo é a Globo.
Sem meio-termo. Se o PT não enfrentar a Globo agora, pego minhas coisas e vou pra São Borja.