Por Valentim Frateschi* –
No dia internacional da mulher, 8 março, houve uma intervenção com cartazes e frases feministas espalhadas pela parede lá da escola onde estudo. O movimento foi organizado pelo núcleo feminista do colégio com o apoio de outros alunos e a adoção da coordenação. Mas os reaças não fizeram por esperar.
Estava tudo lindo, todo mundo adorou. Meninos (eu) e meninas de batom vermelho, saia, as pessoas animadas, bonitas, maquiadas. Por isso, o colégio publicou algumas fotos em sua página do Facebook. Pouco tempo depois, uma página reacionária denunciou as fotos publicadas pela escola, alegando que a diretoria e os professores estavam usando fotos de meninas, sensualizando para manipular pessoas e fazê-las apoiarem a causa feminista.
E, junto com esta denúncia, replicou as fotos com o rosto das estudantes destorcido e dizendo que o colégio estava quebrando regras do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.
Mas as fotos eram fotos normais, de meninas sorrindo como fariam para qualquer outra foto. Longe de estar sensualizadas. E a intervenção havia sido organizada pelo núcleo feminista e não pelo colégio. Até que muita gente que estava apoiando a causa das estudantes começou a compartilhar o texto que o núcleo fez para o jornal Estadão.
Depois de verem o que esta página reaça fez, algumas pessoas começaram a denunciar. Até que surgiram os comentários nas fotos das estudantes: “Esta **** deve estar com a ****** podre”, “Os peitos já viraram mamadeira” e coisas do tipo.
Então, nós, feministas, respondemos dizendo que isto era assédio contra menores além de ser nojentamente machista. “Ah, mas estas meninas já são maiores de idade”. Então, uma das garotas que estavam nas fotos disse: “Não, eu não sou maior” e o comentário seguinte foi: “Quer discutir, chama a mamãe…” e mandou o link da mãe da menina.
Então, eu decidi ver a página deles. A mensagem transmitida era que professor não pode expressar a sua opinião. Mas está na constituição que sim, eles podem. E estava cheia de publicações semelhantes à que eles fizeram contra a escola.
No final das contas, houve uma reunião com a coordenação que falou para não bater de frente, mas que não era para abaixar a cabeça: se for agir, fale com a escola. Ah, logo depois, algumas pessoas que apoiaram a página recomendaram que eles a tirassem do ar, porque estava muito feio.
Ridícula, nojenta e machista essa página e parabéns para vocês, meninas. Estava lindo o movimento e vocês souberam a hora de atacar e a hora de recuar.
“MACHISTAS NÃO PASSARÃO”
Valentim Frateschi tem 12 anos e coloca na prática a frase do escritor, poeta e político francês, Alphonse de Lamartine: “Eu sou da cor daqueles que são perseguidos”.