Por Victor Farinelli, compartilhado da Revista Fórum –
A mensagem é difundida por um tal “Comando Barneix”, e está acompanhada de uma citação bíblica. Também há indícios de que boa parte dessas mensagens tenham sido disparadas de usuários do Brasil.
Uma corrente de WhatsApp vem sendo amplamente difundida em vários grupos uruguaios neste sábado (23), véspera do segundo turno presidencial, uma mensagem para exigir voto a favor do candidato de direita, Luis Lacalle Pou.
A mensagem diz, entre outras coisas, que “todos temos que votar em Lacalle para presidente, apoiado pelo nosso comandante general do Exército Guido Manini Ríos. Sabemos quem são e contamos com o seu voto e da tua família para salvar a pátria. É uma ordem! As ordens se acatam, e quem não o fizer será um traidor. Sabemos como tratar os traidores. A única opção é ganhar. Antes cair de costas que de joelhos. Seguimos em contato. Aguarde novidades. Começamos a voltar”.
A mensagem é difundida por um tal “Comando Barneix”, e está acompanhada de uma citação bíblica. Também há indícios de que boa parte dessas mensagens tenham sido disparadas de usuários do Brasil.
O Manini Ríos citado no texto é o ex-comandante do Exército que foi exonerado pelo presidente Tabaré Vázquez em dezembro de 2018, por insubordinação. De lá para cá, ele criou seu próprio partido, o Cabildo Abierto, lançou sua candidatura presidencial e terminou o primeiro turno em quarto lugar, com 11%. Também é uma figura bastante ligada ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro, e esteve presente em Brasília durante a sua posse, em janeiro.
Além da corrente, um artigo do jornal La Nación, ligado ao Clube Militar do Uruguai, publicou neste mesmo sábado uma mensagem parecida.
“Quando o último dos governantes da Frente Ampla deixe o poder, veremos a esteira de vários crimes cometidos contra o passado e o futuro do país e nos lamentaremos uma e outra vez pensando como foi que permitimos tanta maldade impunemente por tanto tempo”, reza o texto difundido por periódicos que são financiados por diferentes instituições militares.
O presidente do Centro Militar, Carlos Silva Valiente, disse que, embora não se trate de um comunicado oficial da instituição, a decisão de difundi-lo através de meios ligados à chamada “família militar” foi tomado por alguns de seus membros, após uma análise sobre o cenário das eleições.
Além desse artigo, outros textos do La Nación se referam aos dirigentes da Frente Ampla como “delinquentes” e “corruptos”, e atacam todos os representantes da esquerda no país, advertindo que devem ser aplicadas “medidas implacáveis contra eles, uma vez que deixem o poder”.