Não em meu nome: um lamento pelo holocausto palestino. Por Liana Lewis, pernambucana, judia

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LIANA LEWIS, judia, PHD em Antropologia pela Nottingham Trent University, Inglaterra, professora associada do Departamento de Sociologia da UFPE, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Autoritarismo e Contemporaneidade da UFPE

Compartilhado de Diario do Centro do Mundo




Estudei da alfabetização ao terceiro ano científico em um Colégio Israelita em Recife. Sou judia e fui criada na tradição do meu povo.

No Colégio, fui alfabetizada simultaneamente em português e hebraico, estudei, além da língua de meu povo, a Torá, festas judaicas, e no segundo grau, Geografia e História do Estado de Israel.

Diariamente, antes de entrar na sala, fazíamos a fila em frente à bandeira de Israel e cantávamos o hino do Estado de Israel. Aprendemos a amar Israel, a considerá-lo nosso país.

Também aprendemos a temer os árabes. Morria de medo, sério! Aprendi desde a mais tenra idade que eles queriam nos destruir e tínhamos que fazer de tudo para nos proteger. Aprendemos, sobretudo, que éramos o Povo Escolhido por Deus. A base disso era um esteio moral e intelectual.

Sim, claro que éramos mais dignos e intelectualmente e culturalmente superiores. Afinal, éramos os Filhos de Deus. Acima de tudo, não poderíamos esquecer o horror do Holocausto.

Este horror não poderia se repetir contra nós. O problema é que este lugar autoriza grande parte dos judeus a legitimarem o Holocausto Palestino. O horror sofrido por nós durante o nazismo é a desculpa para sua perpetração. Quanta vergonha, quanto lamento!

Me orgulho de ter aprendido com Frantz Fanon que, ao fim, meu povo é o oprimido, a humanidade. Este horror perpetrado pelo genocida, teocrático e racista Estado de Israel, não me pertence. Apesar de ter sido doutrinada para apoiá-lo.

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