Como alguém do Rio se surpreende com eleição de conservadores e reacionários?

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Via Sérgio Mesquita –

Texto da Professora Silene de Moraes Freire da UERJ:




“Não entendo como alguém do Rio se surpreende com eleição de conservadores e reacionários. Quem elegeu, Garotinhos, Cunha e os Bolsonaros, por exemplo? A taxa de genocídio de jovens negros aqui é assustadora, a polícia que mais mata é daqui. A segunda capital com maior número de templos da Universal é aqui.

Os governos do PMDB que acabaram com o Estado e seus servidores são daqui. Até parece que era um paraíso e ficou ruim agora. A geografia da cidade vista pelos seus balneários é maravilhosa, a cidade nunca foi! Outra coisa que não admito esquerda falar é do povo ( abstração utilizada por populistas) como aqueles que não sabem votar. Não é simples assim.

Existe algo chamado ideologia, existe uma falta de investimento em saúde e educação, por exemplo. A Igreja Universal que nasceu no RJ, tem um projeto e esse projeto está sendo ampliado por todo o Brasil, em todas as bancadas.

O “povo” não acorda e escolhe vou ser reacionário hj. Existe uma pedagogia para que isso aconteça, uma pedagogia da hegemonia do capital. Quando Perry Anderson mencionou , num artigo sobre neoliberalismo , que a vitória do neoliberalismo era ideológica e por isso teria longa centralidade na agenda do capital , era exatamente isso.

Se a pobreza aumenta, se os serviços e direitos recuam, se os aviltamentos que o “povo ” sofre são cotidianos, se a Rede Globo desconstrói o protagonismo dos que lutam diariamente. Sobra isso que vemos. Sujeitos sem esperança no Reino dos Homens e Fascinados pelo Reino de Deus. Estamos vivendo um dos piores momentos de descrédito na política. Eleição da vitória de Brancos e Nulos.

Essa apatia precisa ser politizada, a luta é longa, trabalho de formiguinha , mas não podemos nos furtar dessa luta e desrespeitar o chamado povo. Como diria Rosseau, ” o povo erra, mas ninguém pode errar pelo povo”!

Então, vamos construir algo de braços dados com as camadas da população mais subalternizadas. Temos que aprender com os erros e tentar explicar como eles se deram. A história é o bonde que não se espera. O pior de ontem, parece ser o melhor de hoje.

Temos que avaliar e criar estratégias que emancipem, pois as estratégias que alienam o capital já aprimorou muito. ” A história só surpreende, quem da história nada entende”

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