Lidia Pena pelo Facebook –
Sim, os sinais eram evidentes. Mas, assim como a morte que ao chegar, mesmo num prazo estipulado, nos desmorona, ontem os intestinos desse Congresso Nacional expeliram suas fezes podres em todas as direções e nausearam milhões de corações e mentes.
E como foram parar lá aquelas criaturas?! Quantas camisetas, dentaduras ou latas de leite não lhes valeram votos, aliadas a promessas que nunca se realizaram junto a seus eleitores. Quanta falsidade e deboche em cima da ignorância, ou das necessidades prementes, de parte do povo, perpetuam esses votos e os mantêm ali onde nunca deveriam ter pisado?!
Havia exceções naturalmente. Poucas. Mas mesmo essas foram incapazes de justificar a confiança de quem as elegeu. Ou ainda me deixo enganar?! Será que alguém acreditou na sinceridade do voto do deputado Miro Teixeira?! E o da bancada dos verdes? Houve alguma referência à preocupação com o meio ambiente em suas justificativas?!
E o voto de quem aproveita a oportunidade para homenagear um torturador?! Todos escutaram?! Escutaram sim e este é o outro lado que explica o fedor que chegou a atravessar as telas das TVs na noite de ontem. Jair Bolsonaro foi entronado na Câmara dos Deputados pelas mãos dos que tiveram estudo, dinheiro, oportunidades e ainda assim apoiam a violência e sentem saudades da Ditadura. Uma equação difícil de fechar. E não é que os filhos seguem o mesmo caminho?! Êta DNA danificado!
O governo errou, não se pretende negar. Mas os caminhos para a correção seriam outros dentro da legalidade. Nada que justificasse o linchamento a que foi submetido num processo de impeachment, que não resiste às mais óbvias avaliações jurídicas. E, principalmente, por ter sido conduzido o tempo todo por um bandido notório que, somente quando trancafiado na cadeia, estará em local adequado.
Houve do pior um pouco: vaidade, machismo, interesses contrariados, arrogância, cinismo e boçalidade. Tudo ao vivo e a cores chicoteando milhões de espectadores perplexos. Em algumas declarações dos que se posicionaram contra tanta vergonha, um alento.
Mas um grito, em especial, vindo da garganta viril de um guerreiro que honra a cadeira em que senta, lavou a alma dos desolados. Na conclusão do seu voto contra tudo aquilo, ele buscou a síntese perfeita e bradou: “CANALHAS!”. Muito obrigada, Jean Wyllys.
A propósito: Enquanto a “nobre” deputada Raquel Muniz (PSD) dizia “sim três vezes pela volta do crescimento do Brasil”, seu marido Ruy Muniz, também citado no voto como exemplo de dignidade, era preso pela PF, na operação “Máscara da Sanidade II – Sabotadores da Saúde”, por uso indevido (promoção pessoal) de verba pública na área da Saúde em Montes Claros (MG).
Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados