Não havia seguranças na estação quando ambulante foi morto, dizem metroviários

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Publicado no Jornal GGN – 

De acordo com o Sindicato dos Metroviários, não havia seguranças na estação Pedro II quando o ambulante Luiz Carlos Ruas foi agredido e morto, na noite de Natal (25). Marcos Freire, diretor do sindicato e ativista LGBT, afirmou que somente três funcionários trabalhavam na estação naquele horário: um na bilheteria, outro na catraca e outro no Centro de Controle Operacional.
Ele diz também que os casos de violência estão crescendo dentro do Metrô, mas que o número de trabalhadores é insuficiente para lidar com o problema. A empresa estatal do governo Geraldo Alckmin (PSDB) tem déficit de cerca de 600 funcionários, segundo o Portal da Transparência.
O sindicato também disse que, à noite, a companhia tem apenas 68 seguranças para trabalhar em 63 estações, sendo que o trabalho dos agentes é sempre em dupla. Na tarde de hoje (27), um ato com a presença de ativista LGBT, metroviários e religiosos foi realizado no centro de São Paulo em memória do ambulante, que foi espancado após tentar defender uma travesti.
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Da Rede Brasil Atual
Trabalhadores da companhia denunciaram a situação durante ato em memória de Luiz Carlos Ruas, espancado até a morte na estação Pedro II, centro de São Paulo
Diretores do Sindicato dos Metroviários disseram hoje (27) que não havia seguranças na estação Pedro II, da Linha 3-Vermelha do Metrô paulista, no momento em que dois agressores mataram o vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, na noite do domingo de Natal (25). “Havia somente três funcionários nesta estação naquele momento. Um na bilheteria, outro na catraca e outro no CCO (Centro de Controle Operacional). Se olhar a escala vai ver que tem dois seguranças em cada estação, mas, na verdade, é a mesma dupla atuando em três estações diferentes”, afirmou Marcos Freire, ativista LGBT e diretor do sindicato.
Segundo Freire, situações de violência vêm se repetindo no Metrô, sendo cada vez menos combatidas, devido ao número insuficiente de trabalhadores no sistema. Segundo dados do Portal da Transparência do governo Geraldo Alckmin (PSDB), responsável pela gestão do Metrô, a companhia tem déficit de aproximadamente 600 funcionários. Outros 632 aderiram ao Programa de Demissão Voluntária lançado esse ano e devem ser desligados em breve.
“Fazemos um apelo para que nos ajudem a denunciar essa situação e exigir do governo Alckmin que contrate trabalhadores para o Metrô. Não é possível ficar desse jeito”, disse Freire. Ainda segundo o sindicato, durante a noite, o Metrô tem 68 seguranças para atuar em 63 estações. No entanto, como a atuação dever ser, no mínimo, em dupla, seria possível atuar apenas em 34 estações simultaneamente, necessitando que os agentes transitem entre os pontos de parada. Além disso, estações maiores exigem mais funcionários.
As declarações foram dadas durante um ato em memória de Ruas, realizado no início da tarde de hoje, na estação Pedro II, região central de São Paulo. Ativistas LGBT, trabalhadores metroviários e religiosos da Pastoral do Povo da Rua acenderam velas e estenderam bandeiras contra a homofobia e exigiram ações das autoridades para impedir que casos como esse se repitam.
Ruas foi brutalmente agredido após tentar defender uma travesti, identificada apenas como Brasil, que estava sendo perseguida por dois homens, após reclamar por eles estarem urinando na rua. Uma outra travesti, que também foi agredida, conseguiu escapar. O ambulante foi espancado até a morte no hall da estação Pedro II, em frente à bilheteria. No vídeo de quase dois minutos divulgado pela polícia, nenhum segurança do Metrô aparece para conter os assassinos.
Para o ativista LGBT Bruno Diego Alves, esse caso demonstra como a homofobia e a transfobia afetam toda a sociedade. “Eles estavam agredindo uma travesti. Ruas foi assassinado por defendê-la. Estamos aqui pra demonstrar nossa indignação, exigir punição e o fim do descaso do Metrô com a população mais vulnerável”, afirmou Alves.
Fábio Vinícius, amigo do ambulante, que vive sob um viaduto próximo à estação, estava indignado. “Era um cara que ajudava todo mundo. Foram 20 anos aqui (sob o acesso da passarela em frente à estação), ‘trampando’ e ajudando quem precisasse, com comida, com remédio. E foi ajudando alguém que fizeram isso com ele. Se a pessoa é travesti, se é gay, se tá na rua, não interessa. Tem de respeitar. Mais aí vem uns desgraçados e faz isso. É muita revolta, os lixo fica e os bons vão embora”, afirmou.
O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, comandou uma oração em homenagem a Ruas. Na próxima sexta-feira (30), a pastoral e outros grupos vão realizar outro ato em memória do ambulante, no mesmo local, às 15h. “Vamos reivindicar do Metrô uma justa homenagem, que troque o nome desta estação para Luiz Carlos Ruas. Foi um caso de intolerância, mas também um caso de ódio social contra a população. Foram três irmão de rua agredidos. Pessoas que não podem acessar o Metrô e nem ser protegidas por seus funcionários”, afirmou o padre.
Para ele, a empresa do governo Alckmin atua de forma totalmente seletiva. “Quando os estudantes estão protestando, tem agentes, tem cassetete, tem equipamento. Nós mal podemos chegar perto das entradas da estação. Mas quando é uma ação de ódio contra os desassistidos, um assassinato, aí não tem segurança, não tem equipamento, não tem nada”, desabafou.
A polícia já identificou os dois homens filmados agredindo Ruas. Seus nomes são Alípio Rogério Belo dos Santos e Ricardo Nascimento Martins. O velório e o sepultamento do ambulante serão no cemitério Vale da Paz, em Diadema.

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