Por Chico Alves no UOL, compartilhado de DCM –
Por mais que os entusiastas da Operação Lava Jato insistam em não reconhecer a forma absurda como o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa de Curitiba subverteram os procedimentos processuais para atuar em parceria (quando deveriam ser independentes), as entranhas da maracutaia foram mais uma vez expostas.
Se é que alguém tinha dúvida sobre o prejulgamento que os integrantes do Ministério Público e o magistrado acertaram entre si, os trechos das mensagens entre eles, divulgados hoje a mando do ministro Ricardo Lewandowski, deixa tudo ainda mais claro.
Moro desce aos detalhes para orientar Deltan Dallagnol a atuar de acordo com os parâmetros que julga necessários para uma sentença condenatória. (…)
Em sua defesa, Sergio Moro não tem muito a dizer.
Alega que as mensagens foram obtidas por meio ilegal. É verdade. Os diálogos foram hackeados e por conta dessa ilegalidade os autores do crime estão sofrendo as sanções legais. Isso, porém, não cancela o conteúdo das conversas.
Sobre esse tema, o máximo que o ex-juiz tem a dizer é que não reconhece a autenticidade das mensagens. Sublinha, porém, que, “se verdadeiras”, foram obtidas por meio ilícito.
Em nenhum momento Moro diz que não falou o que consta das transcrições. Apenas diz que não sabe se as falas são autênticas porque as apagou.
Quanto a esse ponto, o ex-magistrado pode ficar tranquilo. A perícia judicial se encarregou de confirmar a autenticidade.
Talvez deva se preocupar mesmo é com seus problemas de memória. Afinal, não é normal que conversas que abordam assuntos e personagens tão importantes quanto as que foram travadas com Dallagnol e sua turma sejam esquecidas assim, tão facilmente.
Na hipótese de não ser amnésia, Moro estará praticando, então, o autonegacionismo, ato de não confirmar que disse algo comprometedor que realmente falou.
Uma espécie de terraplanismo de conveniência.