Por Celso Sabadin, jornalista, no Facebook –
Belíssimo documentário “Fevereiros”, que estreia amanhã, uma cena me emocionou em particular: uma imagem de arquivo onde Bethânia e Chico Buarque cantam “A Noite dos Mascarados”.
Já tinha visto imagens deste show inúmeras vezes, inclusive na época em que ele foi gravado. Mas desta vez foi diferente. Fiquei pensando em que momento um país que nos deu Maria Bethânia, Caetano Veloso, Chico Buarque, que nos deu Caymmi, Jorge Amado, que nos deu A Noite dos Mascarados, Tropicalismo, Bossa Nova, Festivais, Cartola, Zé Keti, Paulinho da Viola…. em que momento este país se transformou em sua pequenez sórdida de hoje? Em que momento deixamos os ratos escondidos no porão chegar à sala de estar, junto com as outras pessoas da sala de jantar, preocupadas em nascer e morrer? Em que momento tudo escureceu e ficou tão tacanho, tão mesquinho? Quando e como deixamos tudo isso acontecer?
Crescemos lendo e ouvindo estes artistas maravilhosos para agora envelhecermos sob o cheiro da podridão das bolsas mentais de colostomia? Cantamos e dançamos nos auditórios e passarelas das artes para terminarmos nossos dias vociferando numa rede social qualquer limitada por uma bolha qualquer ?
É isso, gente? Vai ser assim o final, pessoal? Acabou? O sinal está fechado pra nós que nem mais somos jovens? E não vai abrir mais? E a gente só vai gritar de boca fechada, através das pontas mudas dos nossos dedos no teclado?
Não vamos nem cair atirando?