Narração de um churrasco

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Por Antonio Vergueiro* – 

Tem coisas que só acontecem em churrascos e que certamente acontecem na grande maioria deles.




 Fui ao aniversário do tio da minha namorada, o tio Brunão. Ele fez um churrasco, acho que o maior que eu já vi. Começou às 14 horas e passou das 20.

Sempre demora pra sair a primeira leva de carne e, enquanto não sai, você vai enchendo a barriga com pão, farofa, molho a campanha. Os menores bebem refrigerante, enquanto os maiores de idade ficam na cerveja e batida.

Um tempinho na piscina e conversa com outros convidados. Tudo para mascarar a fome. Passa e sorrateiramente espia a churrasqueira para ver o andamento da coisa, percebe que o pão de alho já está saindo.

Começa a conversar com o churrasqueiro. Tudo para ficar o mais perto possível do pão que está pra sair. Pega um pedaço.

Mais enrolação, mais piscina, mais farofa com refrigerante… Tempos depois, mais uma espiada. Quase pronto.

“Caradepaumente”, puxo uma cadeira para perto da churrasqueira e lá fico pelas próximas três horas. Saco o celular do bolso esquerdo e ponho um olho no whatsaApp e o outro na grelha.

Observo as pessoas presentes. Amigos do tio Brunão por toda a parte. Alguns trazem a filharada para pular e brincar na piscina, enquanto ganham um colesterol e talvez cinco quilos a mais.

Alguns bebem cerveja e observam como engorda: “Essa barriga aqui é de cerveja. Enche, impressionante “.

Outros, bebem vodka e falam de como tem açúcar: “Isso aqui é puro açúcar! Pelo menos não empapuça que nem Antárctica!”.

Cheguei à conclusão de que na maioria, homens em churrasco bebem cerveja, mulheres ficam na vodka e batidinhas mais chiques.

E eu ainda na minha cadeira, confortavelmente esperando a carne. O churrasqueiro pede para eu dar uma olhada enquanto pega uma bebida. Oportunidade perfeita para ver a situação. Para minha e alegria geral, quase pronto!

– Obrigado. E aí, o que está achando?

– Poxa, está tudo muito bonito, vai ficar ótimo.

Óbvio, se sobrevivermos até a carne sair. Nunca vi demorar tanto, penso eu.

Levanto fazendo o menor barulho possível e ando 10 metros pra pegar um guaraná. Quando viro, vejo que pegaram meu lugar. Para piorar um velho, não posso nem mandar sair.

O lugar mais perto é o sofá da sala. Sento. Bate um soninho… Um, dois, três bocejos. Dormi. A carne ficou pronta. E eu nem vi.

* Antonio Vergueiro tem 15 anos e adora churrasco, menos quando dorme

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