Publicado no Jornal GGN –
A tentativa juvenil e frustrada da Lava Jato de influenciar o Supremo Tribunal Federal a decidir contra José Dirceu, e as críticas do procurador Deltan Dallagnol aos ministros após a derrota na Suprema Corte, formam mais um capítulo da “rebelião da primeira instância” que afeta a hierarquia do Judiciário, em favor de uma minoria antidemocrática. Rebelião, aliás, patrocinada pela Rede Globo. É o que avalia o jornalista Luis Nassif, diretor do GGN, em mais um vídeo de opinião, publicado nesta quarta (3).
Segundo Nassif, a “insubordinação da primeira instância” tem, por um lado, a marca da ansiedade de procuradores e juízes que querem romper com “obstáculos impostos por instâncias superiores” em grandes investigações. Um ensaio do tipo ocorreu com a Satiagraha, com Gilmar Mendes tentando reverter a prisão de Daniel Dantas. Por outro lado, essa insubordinação exarcebada se alimenta da ideia de que “com apoio da Globo, não existe mais hierarquia no Judiciário”.
“A Globo entrou num caminho sem volta”, comentou Nassif. “Esse pessoal [que hoje comanda a emissora] pensa no momento. E pensando nisso, acharam que tinham conseguido poder absoluto nessa parceria com a Lava Jato. E investiram tanto em princípios antidemocráticos que chegaram a um beco sem saída.”
“Se Lula voltar ou se volta um governo progresssita, o primeiro adversário vai ser a Globo. [A meta] Vai ser reduzir o poder da Globo. Então o que eles fazem? Eles bancam essa insubordinação, que é subversão da Lava Jato, de procuradores questionando o Supremo, entrando numa linha de ultradireita que outras publicações estão tentando escapar.”
De acordo com Nassif, “quando o principal veículo de mídia se transforma no principal adversário da democracia, significa que, lá na frente, numa evental vitória de Lula, ou Ciro com Haddad, vai virar uma verdadeira guerra.”
A DECISÃO DO STF
Na visão de Nassif, a decisão da 2ª Turma do STF em favor da concessão do habeas corpus a Dirceu era esperada. “Celso de Mello foi contra por questão de posição. Ele é um garantista, ou seja, aquele que defende direitos individuais, desde que não esteja envolvido nenhum petista. É coerente com a história dele.”
“Fachin é diferente. Fachin tornou-se linha dura. A partir de um certo momento, teve uma mudança radical na postura dele no Supremo, e essa mudança vem acompanha de boatos, pressões e chantagens que ele sofreu.”
“Gilmar”, por sua vez, diz Nassif, “pega um adversário que é o Dirceu pensando nos seus, pensando em conter a arrancada da Lava Jato. Gilmar, dentro do Supremo, é de longe o sujeito mais coerente com suas convicções.”
Já Dias Toffoli seguiu o direcionamento de Gilmar, como vem fazendo há um tempo. “E Lewandowski é garantista, companha a coerência dele.”
Assista o Opinião do Nassif, na íntegra, abaixo.