Nem jornalistas confiam muito na imprensa

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Por Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho – 

Menos de 25% dos participantes declararam concordar totalmente com as afirmações de que o jornalismo fornece narrativas verdadeiras e contextualizadas dos fatos, retrata a diversidade dos grupos sociais e dá voz à totalidade das pessoas.

Esta é a principal conclusão do levantamento feito pelo “Projeto Credibilidade” que entrevistou 314 profissionais sobre o papel do jornalismo na sociedade e sua visão das empresas de mídia.




Ou seja, apenas um em cada quatro profissionais de imprensa acredita que o jornalismo cumpre a sua missão, apesar de 90% concordarem que a atividade é crucial para a democracia e capaz de promover uma sociedade melhor.

Os resultados da pesquisa foram apresentados aos membros do consórcio de mídia do projeto durante o 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo, no final de julho, promovido pela Abraji.

“Existe um desafio claro de tornar mais robusta a prática jornalística em relação à sua missão”, segundo Angela Pimenta, uma das coordenadoras do “Projeto Credibilidade”.

Foram ouvidos jornalistas de 38 diferentes veículos de 15 cidades brasileiras, a maioria de São Paulo e do Rio de Janeiro. Cerca de um terço dos entrevistados trabalha como repórter.

Embora ampla maioria afirme que as redações onde trabalham apoiariam a defesa de princípios éticos (91%) e valores qualitativos no jornalismo (79%), alguns comentários revelaram “certo distanciamento entre o apoio formal e a prática real do cotidiano”.

Como dizia Joelmir Beting, do alto dos seus 55 anos de jornalismo, “na prática a teoria é outra”.

O “Projeto Credibilidade”, capítulo brasileiro do “Trust Project”, conta hoje com 14 parceiros depois de constatar que existe “um ambiente generalizado de desconfiança na mídia no Brasil”, segundo o último boletim da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

“Queremos criar um padrão de qualidade para o jornalismo no âmbito digital, um selo de qualidade que seja claro, visível e evidente para os leitores”, diz o professor Francisco Belda, da Unesp, também coordenador do projeto, que anunciou para setembro a divulgação de um relatório interpretativo dos resultados.

Para o professor, a criação de uma “etiqueta de credibilidade” serviria para diferenciar o jornalismo de qualidade das notícias falsas.

Os principais fatores apontados como indicadores de qualidade de uma notícia foram precisão, apuração e correção (76%) e independência editorial (57%).

Num país onde os próprios veículos abrem pouco espaço para discutir os caminhos da mídia e seu papel numa democracia moderna, esta é uma iniciativa que merece todo o apoio não só dos profissionais do setor, mas de toda a sociedade.

Vida que segue.

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