Por Wilson Renato Pereira, jornalista, no Facebook –
“Não é a primeira vez que vivo esse momento. A primeira, ainda pouco mais que um menino, sem saber nada da vida, foi quando começou a ditadura militar. Como estudante universitário e, depois, como jornalista, pouco a pouco fui sentindo na pele a força de um regime totalitário, cruel, nada brando. Amigos partindo, sumindo assim do nada, as bocas e os olhos secos sem ter tempo pra chorar.
Não vejo tanta diferença no momento atual. Pelo contrário. Sinto que é mais grave. Vi uma eleição conduzida por mentiras, por golpes cinematograficamente assustadores, patrocinados pelo grande capital. E as chamadas “instituições”, as “autopridades competentes”, o STE e o STF, com seus ministros cada vez mais patéticos, que deveriam zelar pela ética, pela correção e pelo direito, apenas assistindo.
O que me conforta é saber que não estou só. Sereno? Não. Me, um pouco. Assustado. Desconfiado. Pessoas que eu achava que conhecia se revelaram de forma assustadora no apoio a um ideário fascista e descontrolado. Não são amigos. Não tenho e nem quero ter amigos que apostam na tortura, na morte e no revólver.
Vou cair no velho clichê: “Não há males que duram para sempre”. Espero ainda ter forças para ver essa noite acabar e o Brasil renascer sob o sol a que sempre teve e terá direito. Minhas lágrimas, minha emoção e meu abraço a todos que fizeram e ainda farão essa caminhada comigo.” Eustáquio Trindade