Publicado no Portal Geledes –
O Brasil começou a dar seu salto para o futuro com a implementação de uma série de políticas públicas em prol da igualdade, todas elas no contexto mundial das lutas populares e democráticas. Em especial com a realização de diversas Conferências mundiais contra o racismo (Durban em 2001), pela emancipação das mulheres (Pequim,1995), pelos direitos da juventude e pela diversidade sexual, consubstanciados na Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969.
Ratificadas pelo Congresso Nacional, o nosso país se comprometeu a eliminar daí em diante a chaga da desigualdade. Essa opção política nos levou a incluir ações, projetos e políticas públicas que estão no caminho certo para colocar o Brasil num salto civilizatório sem precedentes, cuja novidade é que o Estado tem papel fundamental, e não somente os governos.
Desde a Constituição Cidadã de 1988, que liberdade e igualdade não são valores abstratos, mas parte de um projeto de sociedade, onde a democracia se constrói com diálogo e participação social, em um processo de contínua invenção e reinvenção de direitos.
O Poder Executivo, em especial nos últimos doze anos, tem buscado transformar-se para dar conta das demandas dos povos historicamente excluídos dos espaços de status, prestígio e poder. Deste modo, o atual desenho institucional do Governo Federal, revela o compromisso do Mandato Democrático e Popular com a agenda política dos Movimentos Sociais.
No entanto, conforme chegou ao conhecimento público, o Governo Federal, sob pressão da grande mídia e da onda conservadora que tem ocupado o debate político nacional, pretende fazer uma reforma administrativa, que projetada sem diálogo e participação com as forças progressistas vivas de nosso país, pode se constituir em uma ameaça as conquistas no campo das ações sociais, principalmente, as voltadas para grupos socialmente vulneráveis – como mulheres, promoção da igualdade racial, LGBT e juventude.
No coração da luta democrática em nosso país, as mulheres já pulsavam, rompendo preconceitos e tabus na luta pela Anistia e na demanda por direitos iguais. Na década de 80 do século passado, criou-se as Delegacias de Mulheres e no ano de 1985 conquistamos o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, fincando raízes para impulsionar ações que resultariam em exemplos para todo o mundo, de instrumentos de defesa dos direitos humanos das mulheres.
Na recém-nascida construção de um governo comprometido com os setores mais sofridos de nossa população, momento histórico em que o país desperta com intensidade para a necessidade das políticas públicas específicas para as mulheres, manifestamos nossa decisão de defender a manutenção desta política. Mobilizamo-nos pela reforma política democrática, pela garantia da prosperidade econômica com a valorização do trabalho, por autonomia e mais poder para as mulheres, negros e jovens e pela conquista de uma mídia democrática e não discriminatória.
Senhora Presidenta Dilma, “nada pra vocês sem vocês”. Não existe bom governo feito de boas intenções, mas aqueles que se constituem promovendo o diálogo e participação social, e nos quais os interlocutores governamentais possui peso institucional, poder de decisão e capacidade para promover a transversalidade das políticas de promoção de igualdade.
A expansão das políticas de ação afirmativa, a retirada do país do mapa da fome, o enfrentamento eficaz da miséria, o reconhecimento das uniões homoafetivas, o crescimento da presença de mulheres e negros no ensino superior e a frente de micro e pequenas empresas, demonstram que o Brasil está no caminho certo de superação da chaga das desigualdades – étnico-raciais, geracionais, sexuais e de gênero.
Senhora Presidenta Dilma, todos nós saímos e sairemos às ruas em defesa da legitimidade do seu Governo, ungido pelo voto de 54 milhões de brasileiros, em defesa da democracia e da vida. Mas entendemos como inaceitável a desmontagem de estruturas administrativas, de controle social e de diálogo entre governo e sociedade, que vem pautando a luta contra toda forma de preconceito e desigualdade, e as duras penas tem conseguido alterar a realidade de milhares de brasileiros e brasileiras, com a redução da pobreza, das diferenças regionais e culturais. Portanto, agora é o momento de continuar, aprimorar a gestão pública para consolidação das iniciativas criadas e de pavimentação da trilha da cidadania.
Por isso, as entidades dos movimentos sociais, cidadãos e cidadãs, intelectuais, artistas e militantes assinam o Manifesto abaixo, contra a alteração do desenho institucional nas Secretarias de Políticas paras as Mulheres, da Promoção da Igualdade Racial, de Direitos Humanos e de Juventude e em defesa do fortalecimento institucional desses órgãos, pois queremos que o Brasil dê um salto para o futuro, eliminado de vez a chaga dos preconceitos, do racismo, do sexismo e das desigualdades sociais e regionais.
Assinam:
- Abaça Ogum de Ronda / SE
- AFROUNEB – Núcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros / UNEB – Santo Antonio
- Agentes de Pastoral Negros – APN´S
- Alteritas: diferença, arte e educação / MG
- Articulação de Mulheres de Asé IYagba / RN
- Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras de São Paulo – APSMNSP
- Associação Afro Cultural de Matriz Africana São Jerônimo /BA
- Associação Afro religiosa e Cultural Ilê Iyaba Omi – ACIYOMI /PA
- Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN
- Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombola do Maranhão – ACONERUQ
- Associação Cultural Afro-brasileira de Oxaguiã / PA
- Associação de Defesa Ambiental COROPOS / RJ
- Associação de Educadores da USP – AEUSP
- Associação de Mulheres Negras Aqualtune / RJ
- Associação de Mulheres Negras Chica da Silva / MG
- Associação de Mulheres ODUM-AMO / SP
- Associação Nacional das Baianas de Acarajé / BA
- Associação dos Pesquisadores Negros da Bahia
- Associação Pró Moradia e Educação dos Empregados e Aposentados dos Correios – AME
- Associação de Sambistas e Comunidades de Terreiro de Samba do Estado de São Paulo – ASTECSP
- Batuque Afro Brasileiro de Nelson da Silva / MG
- Bocada Forte Hip Hop / SP
- Centro de Cultura Negra do Maranhão – CCN
- Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT / SP
- Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afrobrasileira – CENARAB
- Centro dos Estudantes de Santos e Região Metropolitana da Baixada Santista – CES
- Centro de Estudos e Referência da Cultura Afro-Brasileira – CERNEGRO / AC
- Cia de Teatro é Tudo Cena / RJ
- CIR – Comissão de Igualdade Racial da OAB/RJ
- Clube de Mães de Ilha de Mare – BA
- Coletivo de Empreendedoras Negras Makena / SP
- Coletivo de Entidades Negras – CEN
- Coletivo de Estudante Negro do Mackenzie – AFROMACK / SP
- Coletivo Feminista Baré do Amazonas
- Coletivo Hip Hop Feminino Maria Amazonas
- Coletivo Mulheres Encrespa de MG
- Coletivo Nacional de Juventude Negra – ENEGRECER
- Coletivo Quilombação / SP
- Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial – COJIRA/SP
- Comissão Nacional dos Pontos de Cultura – GT Gênero
- Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e Pelo Bem Viver
- Confederação Nacional das Associações de Moradores – CONAM
- Confederação Nacional Quilombola – CONFAQ
- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE
- Conselho Estadual de Mulheres de Goiás – CONEM
- Cooperativa de Mulheres Flor do Mangue de Salvador / BA
- Coordenação Estadual de Quilombos Zacimba Gaba / ES
- Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas – CONAQ
- Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
- E’léékò: Gênero e Cidadania / RJ
- Federação Árabe Palestina do Brasil – FEPAL
- Federação das Associações Comunitárias e Entidades do Estado de São Paulo – FACESP
- Federação das Favelas do Estado do Rio de Janeiro – FAFERJ
- Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doença Falciforme – FENAFAL
- Diretoria Racial da Federação Nacional dos Trabalhadores de Metrôs e Metrô Ferroviário – FENAMETRO
- Fórum de Entidades Negras do Maranhão
- Fórum de Juventude Negra do Amazonas
- Fórum de Matriz Africana do Município de Cariacica / ES
- Fórum Mineiro de Entidades Negras – FOMENE
- Fórum Nacional de Juventude Negra – FONAJU
- Fórum Nacional de Mulheres Negras – FNMN
- Fórum Permanente Afrodescendente do Amazonas – FOPAAM
- Fórum Sergipano das Religiões de Matriz Africana
- GERA – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação de Professores da UFPA
- Grêmio Recreativo Escola de Samba Ipixuna do Amazonas
- Grupo de Cultura Afro AFOXÁ / PI
- Grupo Cultural Adimó / PI
- Grupo de Estudos Afro-Amazônico (NEAB) UFPA
- Grupo de Estudos Afro-Brasileiros e Educação – GEABE/FATEC / RJ
- Grupo de Estudos e Pesquisas em políticas públicas, história e educação das relações raciais e de gênero da UNB
- Grupo Mais Mulheres no Poder / MG
- Ile Axé Elegbara Barakitundegy Bamine
- Ilê Axé Olorum Funmi / SC
- Ile Jena Delewa – BA
- Ile Ofá Odé – BA
- Ilu Oba De Min Educação, Cultura e Arte Negra /SP
- Instituto AMMA Psique e Negritude / SP
- Instituto Brasileiro da Diversidade – IBD
- Instituto Cultural Afro Mutalembê – Amazonas
- Instituto Centro Educacional e Cultura Nina Souza – CENS / AP
- Instituto Ganga Zumba
- Instituto Luiz Gama / SP
- Instituto Mocambo /AP
- Instituto Nangetu de Tradição Afro-religiosa e Desenvolvimento Social de Belém
- Instituto Padre Batista / SP
- Instituto Palmares de Promoção da Igualdade / BA
- Instituto Pérola Negra do Rio de Janeiro
- Instituto Pretos Novos / RJ
- Irmandade Santa Bárbara / SE
- Kwè Cejá Gbé / RJ
- Liga Brasileira de Lésbicas
- Liga Nacional Panela de Expressão – ES
- Liga Oficial dos Blocos Afros e Escolas de Samba de Sergipe
- Marcha Mundial de Mulheres
- Movimento Internacional da Paz – MINPA
- Movimento de Luta por Terra – MLT
- Movimento Negro Unificado – MNU
- Movimento Sem Terra – MST
- Nação Hip Hop Brasil
- N`Ativa / AC
- Núcleo de Debates de Diversidades e Identidades de MG
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros do CEFET – RJ
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros do Colégio Pedro II
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da FURB
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da FURG
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da IFPA
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros NEAF – UFT
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UDESC
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEMG
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros UFMA
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFOP
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPI
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFRPE
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFSB
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFTO
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPR
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UNB
- Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UNICENTRO
- Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas: NEABI – UFPB
- Núcleo de Estudos Sobre Educação, Gênero, Raça e Alteridade (NEGRA) da UNEMAT
- Núcleo Vida e Cuidado (NUVIC): estudos sobre violência
- Observatório da Mulher
- Observatório da Políticas de Democratização de Acesso e Permanência na Educação Superior da UFRRJ
- Organização Cultural Remanescentes de Tia Ciata / RJ
- Organização de Economia Solidária – OPES
- Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP
- Quilombação – Coletivo de Ativistas Antirracistas / SP
- Rede Nacional Afro LGBT
- Rede Amazônia Negra – RAN
- Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana – REATA
- Rede Aruanda Mundi
- Rede de Jovens do Nordeste – RJNE
- Rede Mulher e Mídia
- Rede Nacional Lai Lai Apejo – Saúde da População Negra e AIDS
- Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde – RENAFRO
- Rede Nacional das Religiões de Matriz Africana – Núcleo Sergipe
- Rede Sapatá – Promoção de Saúde e Controle Social de Políticas Públicas para Lésbicas e Bissexuais Negras
- Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT – SNCR/CUT
- Secretaria Nacional de Igualdade Racial da CTB
- Secretaria Nacional de Mulheres da CTB
- Setorial de Combate ao Racismo da Central de Movimentos Populares – CMP
- Sindicato dos Trabalhadores dos Correios da Grande São Paulo, Sorocaba e Região – SINTECT/SP
- União Brasileira de Estudantes Secundaristas – UBES
- União Brasileira de Mulheres – UBM
- União das Comunidades Tradicionais Afro-amazônicas – UNIMAZ
- União das Escolas de Asmba Paulistana – UESP
- União de Mulheres de São Paulo
- União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Santos – UMES Santos
- União Nacional dos Estudantes – UNE
- União de Negros Pela Igualdade – UNEGRO
- Visão Mundial
- Yle Ase Obe Fara BARAHUMERJIONAN / SE
Personalidades
- Dexter (Marcos Fernandes de Omena) – Rapper
- GOG (Genival Oliveira Gonçalves) – Rapper e poeta
- Hélio Santos – Professor universitário ((Visconde de Cairu – Salvador)
- Leci Brandão – Deputada Estadual e cantora
- Valter Silvério – Professor universitário (UFSCAR)