Por Karlla Patrícia, Diario de Biologia –
Acordar cedo já não é muito agradável e quando é preciso estudar é pior ainda. A privação de sono tem efeitos nocivos ao organismo e dentre outros problemas, pode resultar em baixa performance escolar, aumento de peso, sintomas depressivos, declínio da atividade física. Nos últimos anos, cientistas vem estudando o cérebro de pessoas que acordam muito cedo para estudar e tem mostrado que um sono de qualidade é fundamental para a aprendizagem, pois consolida memórias e estimula a cognição. Mas o que podemos ver, é que as escolas continuam ignorando estas descobertas ao praticar horários que estão muito aquém da necessidade de sono dos alunos.
Fernando Louzada, neurocientista pós-graduado pela Harvard, defende veemente a mudança do horário de estudo para alunos do período da manhã. Segundo ele, o sono é importante não só para a concretização do aprendizado. O sono e mais individualmente os sonhos permitem a geração de novas ideias, a criatividade e, consequentemente, a capacidade de resolução de problemas. Além disso, estudos prévios mostram que dormir ajuda a formar memórias declarativas, que é toda aquela que conseguimos declarar como nome, datas, fatos, locais e também a memória procedural, ou seja, motora. Se aprendemos a realizar uma tarefa motora de digitação, por exemplo, quando dormimos, o sono melhora o seu desempenho.
Os neurocientista fizeram um teste propondo um desafio de videogame para voluntários e quando eles não conseguiam passar de certa fase, tiravam um cochilo. Comparado com outro grupo que não dormia, as pessoas que tiravam o cochilo dobravam a chance de sucesso em resolver a tarefa.
As instituições de ensino ignoram a lógica
A lógica que define os horários das instituições é uma lógica que desconsidera todo este conhecimento. A Academia Americana de Pediatria sugere iniciar as aulas depois das 8h30. Já é um grande avanço, mas o que eu tenho proposto é um horário flexível. Ter um núcleo comum que começa às 9h e vai até o 12h e um outro núcleo com horário flexível com atividades como aula de língua, educação física, etc. Então se você entrou às 7h você sai 12h e se você entra as 9h você sai as 14h. O adolescente precisa dormir nove horas em média e durante os dias letivos está dormindo sete e meia.
O argumento daqueles que são contrários é que não adianta começar a aula depois porque o adolescente vai começar a dormir mais tarde. Claro que adianta, porque uma coisa é você precisar dormir às 22h, outra é meia noite. Mostramos em uma pesquisa que independentemente do horário que o jovem tem que acordar para ir para a escola, ele dorme no mesmo horário. “A melhor escola é aquela perto de casa porque é aquela que oferece mais tempo de sono”, diz o neurocientista.
Fonte: cartaeducacao Imagens: bernardinai/ronaldoara