Terapias de ponta e atenção a doenças negligenciadas, como hanseníase, devem receber maior atenção na pasta nos próximos anos.
Por Camila Bezerra, compartilhado de Jornal GGN
O programa TVGGN 20H recebeu, com exclusividade, a ministra da Saúde Nísia Trindade nesta segunda-feira (10), para comentar as prioridades da pasta e o processo de reconstrução da pasta, que sofreu uma tentativa de desmonte nos últimos quatro anos.
Segundo Nísia, “o Sistema Único de Saúde (SUS) é a grande inovação de política social no Brasil”. “Existem outros sistemas universais, mas nenhum com mais de 200 milhões de habitantes.”
A ministra comentou o aumento da demanda pela assistência do SUS, decorrente do empobrecimento da população, e também a crise dos planos de planos de saúde, que registram baixa lucratividade.
“Precisamos repensar o modelo de assistência. Devemos realmente investir muito na prevenção, na promoção da saúde na atenção primária. Essa é uma lição que vale tanto para o setor público, quanto para o setor privado”, continua a chefe de pasta.
Prioridades
Ao longo da entrevista com o jornalista Luís Nassif, a ministra compartilhou as prioridades do ministério. Uma delas é fazer com que o País avance em terapias de ponta, a exemplo do que aconteceu desde o segundo mandado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A questão dos biofármacos, aquele aprendizado foi fundamental para que a Fiocruz primeiro incorporasse a tecnologia e depois tivesse autonomia na produção do IVA no caso da vacina da covid”, lembra Nísia.
As terapias celulares também estão na lista de prioridades do Ministério da Sáude, tendo em vista que, além de ser tratamentos de última geração, são voltados para diversos problemas de saúde, entre eles vários tipos de câncer.
Nísia afirma ainda que a pasta também vai investir em doenças negligenciadas e que não despertam o interesse do mercado, como hanseníase, tuberculose e doenças de chagas.
Defesa da ciência
A ministra adiantou que existe uma ação conjunta com outros ministérios para recompor o Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação. “O Brasil tem capacidade de inovação, muitas universidade e centros de pesquisa desenvolvem conhecimento de ponta, mas isso nao chega à sociedade”, observa.
Mais que lidar com a falta de divulgação científica, a responsável pelo Ministério da Saúde conta que a pasta teve uma grande perda de capacidade técnica, em parte por conta do processo natural de aposentadoria dos servidores e pesquisadores, mas também devido a pedidos de transferência, solicitados por servidores desmotivados.
Para lidar com mais esta questão, Nísia teve o apoio do presidente na construção de um secretariado forte, com pessoas que já tinham atuado na pasta em gestões passadas. Ela também conta com especialistas jovens, de secretarias municipais e estaduais.
Confira a entrevista na íntegra: