Publicado em Brasil 247 –
O The Intercept Brasil e a Folha de S.Paulo divulgam nesta terça-feira fato material indicando que procuradores da Operação Lava Jato, em conluio com o então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro, esconderam informações da ministra Rosa Weber, do STF, quando ela examinava uma ação da defesa do ex-presidente Lula, então submetido a perseguição e já ameaçado de condenação e prisão
Segundo as mensagens, eles também evitaram fornecer ao gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem pediram que discutisse o assunto com Rosa, detalhes sobre o andamento do caso em Curitiba e as ações planejadas pela Lava Jato no cerco a Lula.
A reportagem assinala que a questão estava na mesa da ministra porque ela fora sorteada para examinar uma ação que a defesa do ex-presidente movera para tentar suspender as investigações. Para os advogados de Lula, havia um conflito entre a força-tarefa de Curitiba e promotores de São Paulo que também o investigavam na época.
As mensagens deixam claro o envolvimento direto do então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro, na perseguição a Lula, em conluio com os procuradores da Lava Jato. Além de ordenar a interceptação dos telefones do líder petista, o então juiz Sergio Moro, que era responsável pelos processos da Lava Jato no Paraná, autorizara os investigadores a realizar buscas e conduzir Lula à força para depor. Faltava definir a data da operação quando o caso chegou ao STF.
O Supremo deve julgar em breve uma ação em que Lula questiona a imparcialidade de Moro como juiz e pede a anulação dos processos em que foi condenado.
As mensagens obtidas pelo Intercept sugerem que a força-tarefa temia que Rosa aceitasse os argumentos da defesa do ex-presidente. Além disso, revelam que o grampo nos telefones do petista permitiu que os procuradores obtivessem informações sobre a movimentação dos seus advogados e se antecipassem a eles.
A ação examinada por Rosa Weber em 2016 foi protocolada pela defesa do ex-presidente na tarde de 26 de fevereiro, uma sexta-feira. Pouco depois, a Polícia Federal interceptou duas ligações em que o advogado Roberto Teixeira, sócio do escritório que defende Lula, sugeriu o contato com a ministra.