No mata-borrão do céu

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E a coluna “A César o que é de Cícero”, do doutor em Literatura Cícero César Sotero Batista, nos faz viajar no tempo, nos lembrando Henfil, Betinho, Aldir Blanc, Joãso Bosco, Carlitos, Elis Regina, Pasquim…

César nos fala do documentário sobre o grande Henfil e nos faz lembrar de tantos que partiram num rabo de foguete, Mas sabemos que uma dor assim pungente nunca haverá de ser impunemente….




Clique no final do texto nos links do documentário, de Elis cantando e da história do “Bêbado e a Equilibrista”.

“A expectativa é que o documentário “Henfil seja um condutor de memórias. Creio que também o seja para todos aqueles que eram leitores do Pasquim – jornal alternativo que fazia oposição ao regime militar aos longos das décadas de 1970 e 1980. Para quem não o conheceu, o documentário pode vir um ponto de partida para minorar a ignorância.


Pelo Pasquim passaram muitos craques da palavra e da imagem. Como a lista é longa, não vale a pena citar uns e deixar os demais sem a justa menção. Calo-me. Contudo, gostaria de falar de um dos colaboradores do Pasquim a quem me dediquei: Aldir Blanc.


É que ele publicou inúmeras crônicas no jornal. Para todos os efeitos, o letrista, que ia ficando famoso por seus tipos da Zona Norte da cidade, ganhara a chance de apresentar sua face de cronista. São linhas fortes a linha memorialística e a denúncia social com ênfase nos empreendimento imobiliários que iriam descaracterizar o Rio de Janeiro.


Devido à pesquisa que eu desenvolvia sobre o letrista, eu fui pesquisar as edições do Pasquim na Biblioteca Nacional. Eu queria entender como as crônicas dialogavam com as demais matérias ali publicadas, se é que dialogavam. Passei algumas boas horas vendo rolos de filmes daquelas edições envelhecidas. Não me arrependo. Foi divertido.


“O bêbado e a equilibrista”, grande sucesso da dupla João Bosco e Aldir Blanc, se tornou o hino do retorno dos exilados em 1979. Há um trecho da letra que diz “… que sonha/Com a volta do irmão do Henfil”. Este irmão do Henfil é o Betinho, o sociólogo que organizou a campanha “Brasil sem fome” na década de 1990. “Quem tem fome, tem pressa”, era o lema da campanha.


Tenho certo orgulho de ter participado de uma passeata ao lado do Betinho. Não me lembro direito nem quando nem onde foi, talvez no Aterro do Flamengo. Lembro-me dele, franzino, sereno, calado, em um dia de forte calor, não tão forte quanto os de alguns dias recentes, de fazer ultrapassar Senegal. Lembro-me vagamente da patota da Convergência Socialista marchando e pulando e bradando seus hinos.


Não é nada, não é nada, pelo menos sei que eu estava na graduação. Jovem, eu marchava calado, de mãos pensas, diante da máquina do mundo.


Henfil, Betinho e Chico Mário eram hemofílicos. Em uma época em que a AIDS corria solta, isto era praticamente uma garantia de que eles seriam contaminados.


Era tão grande a estima que Aldir Blanc tinha por Henfil e seus irmãos que ele se considerava o quarto irmão da patota. É emocionante ouvir o poeta declamar o poema que fez em homenagem a essa amizade, ou melhor, a essa irmandade. Eu não encontrei o poema no YouTube. Será que ele está no filme?”

Sobre o autor

Radicado em Nilópolis, município do Rio de Janeiro, Cícero César Sotero Batista é doutor, mestre e especialista na área da literatura. É casado com Layla Warrak, com quem tem dois filhos, o Francisco e a Cecília, a quem se dedica em tempo integral e um pouco mais, se algum dos dois cair da/e cama.

Ou seja, Cícero César é professor, escritor e pai de dois, não exatamente nessa ordem. É autor do petisco Cartas para Francisco: uma cartografia dos afetos (Kazuá, 2019) e está preparando um livro sobre as letras e as crônicas que Aldir Blanc produziu na década de 1970.


Filme: Henfil
Ano: 2018
Direção: Angela Zoé
Duração: 76 minutos
Disponível em: Sesc Digital

https://sesc.digital/conteudo/cinema-e-video/cinema-em-casa-com-sesc/henfil

Abra este e link e ouça Elis Regina, numa noite memorável em que a família de Betinho e Henfil estão na plateia, cantando “o Bêbado e a Equilibrista”.

https://www.google.com/search?q=aldir+blanc+fala+de+henfil%2C+YouTube&client=ms-android-xiaomi-terr1-rso2&sca_esv=584901900&biw=280&bih=525&tbm=vid&sxsrf=AM9HkKlI3fgJUipUx0nk3KNjvAwkM6AufQ%3A1700760473961&ei=mYtfZdeVOo7n1sQPpoSG6Ak&oq=aldir+blanc+fala+de+henfil%2C+YouTube&gs_lp=EhBtb2JpbGUtZ3dzLXZpZGVvIiNhbGRpciBibGFuYyBmYWxhIGRlIGhlbmZpbCwgWW91VHViZTIIEAAYgAQYogRIp05QgxxY2EVwAHgAkAEAmAGqAqAB4hOqAQUwLjYuNrgBA8gBAPgBAYoCEG1vYmlsZS1nd3MtdmlkZW_CAgQQIxgnwgIKECEYoAEYwwQYCsICBxAjGLACGCfCAggQIRigARjDBIgGAQ&sclient=mobile-gws-video#fpstate=ive&ip=1&vld=cid:66026e9c,vid:PXTzNBhlXaA,st:0

Aventuras na História:

O HINO DA ANISTIA: COMO SURGIU A CLÁSSICA CANÇÃO ‘O BÊBADO E A EQUILIBRISTA’?

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-hino-da-anistia-como-surgiu-classica-cancao-o-bebado-e-equilibrista.phtml

Imagem: cahrge de Laerte, sobre o traço de Henfil

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