No Rio, a matança substituiu a política de segurança pública

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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e fatos, a partir da interpretação dos dados.

Por Chico Alves, compartilhado de seu Blog




Chico Alves é jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente da revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É coautor do livro ‘Paraíso Armado’, sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho.

Novamente a população do Rio acordou às voltas com notícias sobre mortes ocorridas durante uma operação policial na favela. Dessa vez, o morticínio aconteceu no Complexo da Penha, comunidades na zona Norte, onde pelo menos 21 pessoas foram alvejadas (o conjunto número de vítimas pode ser maior). Os detalhes horrendos são os mesmos que se repetem de meses em meses, cada vez em uma área pobre: ​​o barulho aterrador dos tiros, o desfile de armas pesadas, os corpos caídos em vários pontos da região, o pelo chão.

O cenário dantesco é para os moradores que vão o trabalho. As crianças ficam em casa, por conta da suspensão das aulas, e o comércio funciona à meia-bomba, sob o medo de novos tiroteios. Todos sabemos que fazer em dias de emergência como os de hoje, já que aprenderam na dor das operações anteriores.

Esse roteirotrágico, que virou rotina para os moradores das favelas, nenhum cidadão de classe média do Rio gostaria de viver. Mas vem do asfalto ou aplauso de uma parcela de privilégios que apoia como operações de guerra em território fluminense. Aos moradores que não têm como residir em outro lugar, resta se resignar com o caos.

Em outras ocasiões, caberá repetir que ninguém quer que as favelas sejam deixadas ao domínio acionados, sejam eles acionados ou milicianos, sem que a polícia esboce participe. Porém, é tão fácil quanto o trabalho eficiente para impedir o desarmamento de armas e drogas. Na tentativa de se antecipar aos riscos, o trabalho de inteligência seria fundamental, evitaria os tiroteios e diminuiria o tanto para os moradores quanto para os policiais.

A receita de estratégia de segurança é conhecida de todos, mas nunca aplicada.

Não se tornem alvos se querem desempenhá-los sem esboçar reação. A meta é justamente reduzir esses embates para aumentar a segurança de moradores e polícia.

As mortes por atacado, que volta e meia atenção do Brasil e do mundo, não têm feito do Rio um lugar seguro. Episódios como esse do Complexo do Alemão ou a matança do Jacarezinho reforçam a ideia de que a cidade é apenas dominada pela barbárie.

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