Homenagens foram concedidas na 14ª Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, no centro da capital
Por Eduardo Miranda, compartilhado de Brasil de Fato
Na foto: Reimont lembrou a trajetória do MST no estado do Rio, iniciada em 1986 com a ocupação da Fazenda Capelinha, em Conceição de Macabu, no Norte Fluminense - Eduardo Miranda/Brasil de Fato
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio de Janeiro recebeu nesta segunda-feira (5) a Medalha Pedro Ernesto, maior honraria da capital fluminense, concedida pela Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Reimont (PT). A entrega da homenagem ocorreu durante a 14ª Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, no Largo da Carioca, no centro do Rio.
Reimont lembrou a trajetória do MST no estado do Rio, iniciada em 1986 com a ocupação da Fazenda Capelinha, em Conceição de Macabu, no Norte Fluminense, e a presença do movimento em 19 assentamentos, dois acampamentos e dois espaços de comercialização dos produtos da reforma agrária e da agricultura familiar, o Terra Crioula e o Armazém do Campo, na Lapa.
“As conquistas do MST são de e para toda a sociedade porque promovem o acesso a alimentos saudáveis, produzidos com técnicas sustentáveis e respeito ao meio ambiente”, disse Reimont, lembrando do simbolismo da entrega das medalhas na feira que leva o nome de Cícero Guedes, militante do MST assassinado em janeiro de 2013, em Campos dos Goytacazes.
Eleito deputado federal em outubro, o vereador, que integrará a bancada do Partido dos Trabalhadores em Brasília, comemorou a vitória de Lula: “Faltam apenas 26 dias para colocarmos o atual inquilino do Palácio do Planalto para fora e assumirmos um governo democrático popular”, disse ele, sendo aplaudido.
Reimont lembrou, ainda, da eleição da primeira representante do MST na Assembleia Legislativa do Rio (Aler), a deputada eleita Marina dos Santos. Ela também resgatou a origem da feira inicialmente organizada por Cícero Guedes.
“Essa feira que estamos aqui hoje começou a ser organizada pelo Cícero Guedes, lá em Campos, há mais de 20 anos. Ele foi a pessoa que concebeu a realização da feira da reforma agrária no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, propondo que levássemos para a cidade, para os pobres, para as comunidades e periferias a comida que nós produzimos porque a alimentação é um direito humano”, afirmou Marina.
O dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, enviou mensagem para ser ouvida durante a homenagem, destacando a solidariedade da sociedade civil, de sindicatos e de diversos movimentos populares para o crescimento e resistência do MST nos últimos anos.
“Está homenagem concedida pela Câmara do Rio em nome do povo do Rio de Janeiro é a todas as lutas ao longo da nossa história e que estiveram presentes também aí no estado desde o tempo das Ligas Camponesas. Perdemos muitos companheiros nessa luta, essa medalha é para todos os militantes da reforma agrária, da luta por alimentos saudáveis, pela defesa pela natureza, da agroecologia, aos militantes do passado e aos que estão na ativa”, saudou Stédile.
As medalhas foram entregues a Amanda Aparecida Matheus, do assentamento Roseli Nunes, em Piraí, e da direção estadual do MST, e a João Batista Machado Figueiredo, que conheceu Cícero Guedes e vive no assentamento de São Francisco de Itabapoana, municípios do interior do estado do Rio.
“Queremos dizer a todas e todos que aqui no estado do Rio é possível, sim, plantar alimentos saudáveis, fazer a agroecologia e lutar pela soberania alimentar. É de fundamental importância receber essa medalha. Vivenciamos a volta do Brasil ao mapa da fome e o MST, ao contrário desse governo que já vai embora, optou pela solidariedade e distribuiu em todo o Brasil muita comida saudável e alimentos agroecológicos“, disse Amanda.
A feira é o principal evento de comercialização do MST no estado e faz parte do calendário oficial da cidade do Rio. Também é reconhecida como patrimônio sócio-cultural e imaterial do Rio de Janeiro pela Lei 5.999/2016. Confira a programação nos próximos dias:
Terça-feira (6)
10h – Oficina “Alimentação escolar e reaproveitamento integral de alimentos”, com Regina Tchelly, da Favela Orgânica.
13h – Apresentação cultural: As Cantadeiras
14h – Roda de Conversa “Agroecologia na Boca do Povo: a construção do XII Congresso Brasileiro de Agroecologia”
18h – Atividade cultural: Samba do Armazém do Campo RJ
Quarta-feira (7)
10h – Troca de experiências agroecológicas e sementes/mudas com mediação do projeto de agroecologia Cooperar Maricá, MST e Rede Carioca de Agricultura Urbana.
14h – Encerramento com atividade cultural: Jequitibá do Samba
Edição: Mariana Pitasse