No Telegram, procurador comentou falta de provas em 2 delações usadas contra Lula

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Publicado em Jornal GGN –

Pedro Corrêa e Delcídio do Amaral foram detratores de Lula em várias ações da Lava Jato. O GGN vem apontando a falta de consistência e provas nos depoimentos dos delatores ao menos desde 2016

Conversas de Telegram entre membros da Lava Jato reveladas pelo Intercept Brasil e UOL, nesta terça (10), mostram que até procuradores reconheciam que as delações de Pedro Corrêa e Delcídio do Amaral, usadas em processos contra o ex-presidente, tinham “caráter genérico” e careciam de “elementos de corroboração”.

A frase acima foi disparada em 30 de julho de 2017 pelo procurador Rodrigo Telles, que atuava na Lava Jato pela Procuradoria-Geral da República. O contexto era a discussão sobre a proposta de delação do deputado federal cassado Eduardo Cunha. Alguns procuradores, principalmente os de Curitiba, insistiam em não negociar com o ex-presidente da Câmara, alegando que ele era “vago”, que só admitia caixa 2, mas não crime de corrupção, e que suas declarações não vinham acompanhadas de provas.




Pela sentença de Telles, entende-se que se “caráter genérico” e “falta de elementos de corroboração” eram critérios para rejeitar delações, Pedro Corrêa e Delcídio do Amaral não deveriam ter sido contemplados com acordos.

Delcídio foi, no caso triplex, um dos principais detratores de Lula. Desde ao menos 2016, o GGN vem apontando elementos que demonstram que a delação do ex-senador era incompatível com outras informações levantadas pela própria Lava Jato. Leia mais aqui.

Em depoimento a Sergio Moro, Delcídio foi ouvido como testemunha, não como delator. Foi ele quem disse, contudo, que Lula tinha conhecimento de todo o esquema de corrupção que existia nas entranhas da Petrobras, permitindo à Lava Jato classificar o ex-presidente como “maestro” ou “chefe da propinocracia”.

Ainda em 2016, a delação de Delcídio transformou Lula em réu em Brasília. O ex-presidente foi acusado de comprar o silêncio de Nestor Cerveró. Em setembro de 2017 – dois meses depois que o procurador Telles enviou a mensagem no Telegram criticando a delação de Corrêa e Delcídio por falta de provas – Lula foi absolvido nesta ação penal.

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O próprio procurador da causa, Ivan Cláudio Marx, pediu a absolvição de Lula admitindo que a delação de Delcídio era farsesca. Ele também opinou pela anulação dos benefícios concedidos ao delator.

À época, o GGN publicou um artigo (veja aqui) traçando um paralelo entre a atitude nobre de Marx, que não insistiu numa condenação sem provas, e a conduta dos procuradores da Lava Jato em Curitiba – que pediram para Moro condenar Lula com base na “teoria da abdução das provas”, uma tese “esdrúxula” em que o acusador cria uma hipótese condenatória e usa a convicção para validá-la, abandonando o “in dubio pro reo”. Saiba mais aqui.

Já Pedro Corrêa também foi ouvido como testemunha no caso triplex. Ele admitiu que mudou o depoimento para corroborar a denúncia apresentada pelo Ministério Público ao então juiz Sergio Moro. Relembre aqui.

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