Nome aos bois, além do cão dos infernos

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Por José Carlos Asbeg, jornalista, cineasta


Precisamos parar de atribuir exclusivamente ao cão dos infernos a tragédia que vivemos.




Os militares de alta patente que o fizeram candidato; o general que deu ultimato ao STF; os ministros do STF que não cumpriram com suas obrigações constitucionais; a PGR que embarcou no lamaçal da lava jato que prendeu Lula; as outras instâncias do Judiciário que avalizaram a farsa; os empresários delatores que mentiram para salvar a pele; os donos dos grandes órgãos de imprensa com sua campanha persecutória ao PT; os jornalistas/analistas cúmplices das mentiras geradas por moro e dallagnol; o agronojo que condena os artistas que produzem pelas leis de incentivo à cultura e que agora se revela grande mamador de dinheiro público; a gentalha brasileira comprada pela CIA para fazer trabalho sujo nas redes com mentiras; os charlatões da religião que podem ser tudo, menos cristãos; os ricos que preferem um governo fascista, onde podem manter seus privilégios do que um governo que faça um mínimo de inclusão social; os vem pra rua, mbl e afins que cresceram de forma suspeita.

Toda essa gente é responsável pela fome de 33 milhões de brasileiros, pela destruição da educação, pelo desmanche da nossa ciência, pela violência policial, pelo desprezo à vida no Brasil, pela morte de quase 700 mil pessoas, pela roubalheira do orçamento secreto, pelas queimadas na Amazônia, pelos assassinatos de indígenas.

O cão dos infernos não age sozinho. Tem toda essa malta atrás, até o banqueirão que disse estar de prontidão. A democracia não é uma palavra solta. É um regime social que precisa se proteger de avanços autoritários. Para que novos assaltos à democracia não aconteçam, é preciso que os agentes que nos trouxeram a este regime fascista sejam punidos.

As novas gerações precisam crescer em um país respeitador das liberdades de todos, poder realizar seus sonhos de vida. O golpe de 2016 teve dois objetivos definidos: entregar a maior reserva petrolífera encontrada no século XXI a empresas estrangeiras e impedir a inclusão social de jovens saídos das favelas.

A educação dessa juventude historicamente excluída sempre foi negada para a perpetuação dos privilégios dos ricos e da classe média brasileira. O pré-sal destinando recursos prioritariamente à educação se tornou uma ameaça aos mauricinhos e patricinhas, que dependem mais das conexões familiares do que das próprias qualidades profissionais para alcançar bons cargos e salários.

Educação, educação e educação é o que precisamos para alcançar o que até hoje não se conhece no Brasil: Cidadania.

Imagem: charge de Jota Camelo

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