Por Brasil Mergulho –
É lamentável a postura da maior rede de TV brasileira, ao exibir uma matéria relacionada a um assunto, sem consultar especialistas na área afim de comprovar se as informações prestadas estão corretas. Nesse caso, nos referimos à matéria sobre um mergulhador sendo pego por uma corrente insurgente que o leva para o fundo, questionando qual das três opções disponíveis, a pessoa deve escolher para se salvar.
A matéria de caráter extremamente sensacionalista, comete vários enganos como os citados abaixo:
Cilindro de oxigênio
Mergulhadores não utilizam cilindros de oxigênio, e sim, cilindros de ar comprimido, que é o ar contido em nossa atmosfera, onde encontramos a proporção de 78 % de nitrogênio, 21 de oxigênio e 1% de outros gases. Cilindros de oxigênio puro são usados apenas em mergulhos específicos e com uma série de restrições. Se um mergulhador qualquer utilizar um cilindro de oxigênio puro, ele morrerá poucos metros abaixo da superfície em razão da pressão parcial do oxigênio.
Aumento de Profundidade X Incapacidade respiratória por aumento da pressão externa ao corpo humano
Mergulhadores respiram os gases contidos em cilindros de mergulho através de um equipamento chamado regulador, que tem como objetivo, fornecer o gás respirado pelo mergulhador, realizando uma “regulagem” da pressão interna X externa ao cilindro de mergulho, fazendo com que a variação da pressão externa não interfira na capacidade respiratória do mergulhador. Se o mergulhador fosse levado para o fundo, não haveria diferenciação da qualidade de respiração deste.
Efeito Martini X Perda de 33% da capacidade cognitiva
Outro absurdo. Efeito Martini ou Embriaguez das Profundidades, é o efeito causado pelo nitrogênio respirado sob pressão, que a partir de uma determinada profundidade, inicia um efeito narcótico no mergulhador, podendo fazer com que o mesmo desmaie em grandes profundidades e até morrer. Esse efeito não altera em até 33% a capacidade cognitiva, e sim, até 100%, caso o mergulhador não siga as regras e procedimentos adotados pelo esporte.
Peixes nadando contra a corrente e a sua adaptação
Em alguns casos, peixes não conseguem nadar contra correntes. Por mais que estejam adaptados ao meio aquático, eles também podem não conseguir vencer uma corrente. assim como nós.
Parada de segurança aos 4.5m e o exemplo da garrafa com líquido não explodir
Essa afirmação é um total devaneio. Assim como qualquer outro esporte, o mergulho possui regras e procedimentos que o mergulhador deve seguir rigorosamente. De fato, é adotada a chamada parada de segurança nos mergulhos, porém, isso está diretamente ligado ao tempo de mergulho e profundidade deste, e cada caso é um caso. Mesmo que seja uma parada obrigatória, ela será ou não realizada em virtude de vários aspectos, e da forma passada, podemos dizer que foi algo totalmente insano e infundado. Um comentário sem nexo e nada esclarecedor.
Correntes insurgentes
São correntes que vão em direção ao fundo do mar, e são extremamente raras.
O procedimento correto bater pernas em direção à superfície e encher o colete equilibrador ao máximo para ganhar flutuabilidade, para ajudar ao mergulhador a subir. Nada em direção perpendicular em relação à superfície, é aconselhável, porém, não podemos afirmar que é o procedimento correto, assim como afirma a matéria, uma vez que, não é possível ver por onde a corrente passa, mas apenas, sentir a força do volume de água passando pelo mergulhador.
Simplesmente bater pernas para um ângulo de 45 graus, conforme repassado pela matéria, não garante uma retorno até a superfície e não irá tirar o mergulhador do risco.
Informações Seguras
Se você é repórter e necessita de informações ou esclarecer dúvidas quanto a atividade de mergulho como um todo, nossa equipe está à disposição para ajudar.
