As organizações e movimentos sociais subscritos expressam seu REPÚDIO à prisão abusiva de quatro integrantes da Brigada de incêndio de Alter do Chão. Não temos dúvida de tratar-se de mais um caso de criminalização de movimentos sociais e ativistas ambientais, cuja liberdade foi violada com base em investigação nebulosa que não apresentou, até o momento, nenhum elemento de prova contundente que justifique a manutenção da prisão preventiva dos brigadistas.
Nós, amazônidas de berço ou por adoção, que militamos em defesa dos nossos territórios e da manutenção da floresta em pé identificamos que o latifúndio, o agronegócio, a pecuária e a mineração são os que realmente desmatam e matam as formas de vida na floresta. Alter-do-Chão, no coração do Pará (estado campeão de desmatamento), é uma das áreas mais cobiçadas pelos megas empreendimentos hoteleiros e condomínios privados. Esses setores, sim, grilam terras e devastam a natureza para negociar no mercado imobiliário.
A tentativa de imprimir uma narrativa que vire o jogo a favor dos destruidores da Amazônia e criminalizar as ONGs, movimentos sociais e ativistas ambientais que historicamente se dedicam à luta pela preservação da floresta e de seus povos é um claro ataque dos adeptos do presidente Bolsonaro que precisavam repercutir a ofensiva bolsonarista contra as ONGs publicizadas desde a campanha eleitoral. Justamente uma semana antes de começar a Convenção da ONU sobre clima, espaço internacional para o combate ao desmatamento e queimadas, a criminalização dos brigadistas serve de factóide para desresponsabilizar o governo brasileiro pelo aumento de focos de incêndios esse ano.
A prisão abusiva dos brigadistas fere as normas do processo criminal e viola garantias constitucionais e direitos humanos. Sofremos violências constantes em nossos territórios. Mas, não vamos permitir que o AI-5 se instale no chão amazônico. Vamos seguir lutando pela garantia do estado democrático de direito, pelas liberdades constitucionais e pela preservação da floresta que é nosso abrigo, nosso lar.
Brigadistas de Alter-do-Chão, Liberdade Já!
Santarém/Pa, 28 de novembro de 2019.
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém – STTR
Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Santarém -PJ
União dos Estudantes de Ensino Superior – UES
Conselho Pastoral dos Pescadores da Arquidiocese de Santarém – CPP
Coletivo Juntos
Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará – SINTEPP
Terra de Direitos
Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE
Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém – FAMCOS
Comissão Justiça e Paz
Projeto Saúde e Alegria – PSA
Movimento Tapajós Vivo – MTV
Movimento pela soberania popular na mineração – MAM
Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós
Associação Indígena Iwipurãnga da Aldeia Borari de Alter do Chão
Terra Mirim-Centro de Luz
Coletivo Juvenil Guerreiros da Amazônia de Juruti
Coletivo de Jovem Tapajônico
Coletivo de Jovens Engajajós
Associação de Mulheres Agricultoras Familiares de Mojui dos Campos- FLORES DO CAMPO.
Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Mojui dos Campos.
Cooperativa dos trabalhadores Agroextrativista – ACOSPER
Federação das associações de moradores e comunidades do assentamento agroextrativista da gleba lago Grande – FEAGLE
Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém – AMTR
Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra – AMABELA
Conselho Indígena Tapajós Arapiuns – CITA
Grupo Consciência Indígena – GCI
Fórum da Amazônia Oriental – FAOR
Sociedade para pesquisa e proteção do meio ambiente – SAPOPEMA