Por Tácio Lorran, publicado no Portal Metrópoles –
Medida vai integrar o texto da reforma tributária do governo de Jair Bolsonaro (PSL), a ser enviado ao Congresso Nacional
Ogoverno do presidente Jair Bolsonaro (PSL) confirmou que vai propor um Imposto sobre Transações Financeiras (ITF), aos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A medida tem gerado polêmica, sobretudo entre economistas e especialistas em questões tributárias.
A proposta do Ministério da Economia prevê a incidência do novo imposto sobre transações feitas pelo sistema financeiro, quitadas por meio de cheque, cartão de débito ou de crédito.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, é o principal incentivador da pauta. O chefe da pasta afirmou, em entrevista publicada nessa segunda-feira (09/09/2019), que a “nova CPMF” poderá arrecadar até R$ 150 bilhões por ano.
“O Imposto sobre Transações Financeiras (ITF) é feio, é chato, mas arrecadou bem e por isso durou 13 anos”, avaliou Guedes, ao lembrar o tempo em que a CPMF ficou vigente no país. Criado de forma temporária, em 1994, o imposto permaneceu até 2007, quando foi derrubado à revelia do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Taxação
O secretário adjunto da Receita Federal, Marcelo Silva, antecipou alguns detalhes da proposta da reforma tributária que ainda será apresentada pelo governo. A intenção é de que saques e depósitos em dinheiro sejam taxados com uma alíquota inicial de 0,4%. Já para pagamentos no débito e no crédito, a alíquota inicial estudada é de 0,2% (para pagador e recebedor).
Segundo Marcelo Silva, a ideia é desonerar a folha de salários e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e apresentar novo tributo, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que vai unificar o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) com alíquota de 11%.
A antiga CPMF
A CPMF, também conhecida como imposto do cheque, foi cobrada sobre vários tipos de transações: saques, emissão de cheques e pagamento de boletos bancários. A arrecadação total desse tributo ultrapassou os R$ 220 bilhões entre 1996 e 2007.
O protótipo da CPMF foi criado em 1994 durante o governo de Itamar Franco – no entanto, o tributo vigorou por apenas um ano. A CPMF como é conhecida foi criada em 1996 pelo governo Fernando Henrique Cardoso para arcar com gastos e investimentos em saúde, incidindo em todos os tipos de operação financeiras e movimentações monetárias, com exceção de:
- Transferências entre contas correntes de mesma titularidade;
- Negociações de ações na Bolsa;
- Saques de aposentadorias;
- Seguro-desemprego;
- Salários.
A alíquota da CPMF passou de 0,2% para 0,38% por operação, ou seja, quase dobrou. Além disso, o tributo de caráter extraordinário foi ampliado e passou a compor regularmente o orçamento do governo. A partir daí restou cada vez mais impopular.
Mesmo com o descontentamento, a trajetória da CPMF foi longa. A cobrança do tributo foi prorrogada várias vezes e só foi suspensa pelo Congresso em 2007, o que foi considerado uma derrota política do governo Lula.
O assunto foi retomado pela última vez em 2015, no auge da crise econômica do país. A então presidente Dilma Rousseff chegou a incluir a receita estimada com a CPMF nos cálculos de receitas da Lei Orçamentária Anual (LOA), mas o Congresso não autorizou o retorno da contribuição. (Com informações da Agência Estado)