Movimento faz parte da estratégia da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, agora sob comando de Sidônio Palmeira, e foi impulsionado por Laércio Portela
Por Cleber Lourenço, compartilhado de Fórum
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um sinal claro de que pretende ampliar sua comunicação direta com a imprensa. Durante a coletiva desta terça-feira (30), Lula mencionou a intenção de realizar mais encontros com jornalistas, reconhecendo que, nos últimos tempos, muitas informações sobre seu governo chegavam ao público por meio de interlocutores e fontes anônimas. A decisão já reflete uma mudança na estratégia de comunicação do governo, conduzida por Sidônio Palmeira à frente da Secretaria de Comunicação (SECOM), e mais especificamente pelo Secretário de Imprensa da Secom, Laércio Portela, que encampou a ideia de aumentar a frequência dessas interações.
A iniciativa responde a uma reclamação recorrente da imprensa sobre a dificuldade de acesso ao presidente. Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tem concedido menos entrevistas coletivas do que em gestões anteriores, o que levou jornalistas a dependerem de declarações de assessores, ministros ou fontes próximas ao Planalto. O próprio presidente ironizou a situação, comentando na abertura da coletiva que frequentemente surgiam notícias atribuídas a alguém que “tomou café com o presidente”. A fala demonstra o incômodo de Lula com a forma como informações sobre sua gestão vinham sendo transmitidas, muitas vezes sem sua chancela direta.
Além da questão do acesso à informação, a decisão de Lula faz parte de um movimento maior dentro do governo para centralizar a comunicação e reduzir ruídos. A SECOM, sob comando de Sidônio Palmeira, tem trabalhado para alinhar o discurso oficial e evitar interpretações conflitantes que possam gerar crises desnecessárias. Esse esforço já havia sido identificado pela coluna anteriormente, com a equipe de comunicação buscando um controle mais rígido sobre a narrativa governamental.
Nos bastidores do Planalto, há o reconhecimento de que a ausência de Lula em interações diretas com a imprensa vinha abrindo espaço para especulações e vazamentos que poderiam ser evitados. Entre as especulações estaria a de que Lula não estaria com disposição para governar, de que estaria frustrado com os rumos do seu terceiro mandato e que, até mesmo, não teria força para disputar as eleições em 2026.
Com a ampliação das coletivas, o governo pretende reduzir a dependência de fontes anônimas e garantir que as mensagens do presidente sejam transmitidas de forma mais clara. A tendência agora é que Lula saia mais do gabinete e fale diretamente com os jornalistas, estabelecendo um novo padrão de comunicação para o restante do mandato.