Por Raoni Alves, Compartilhado de G1 Rio –
Na última sexta-feira, o governador chegou a divulgar que iria revogar a nova grade aprovada pela Justiça. A concessionária que administra o transporte negou a informação, prometendo, porém, barcas extras nos finais de semana.
A nova grade de horários para o transporte por barcas no Rio de Janeiro entra em vigor neste sábado (25). A mudança é cercada de polêmica e teve um capitulo de reviravoltas na última sexta-feira (24).
Passageiros têm reclamado das mudanças. Entre os mais revoltados com as alterações estão os moradores da Ilha de Paquetá.
Na sexta, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) anunciou que iria manter os horários antigos das barcas que ligam a estação da Praça XV, no Centro do Rio, a Cocotá, na Ilha, e a Ilha de Paquetá. Contudo, a CCR Barcas, concessionária que administra o transporte hidroviário na Região Metropolitana do Rio, negou a informação.
A ideia do chefe do executivo estadual era reverter a decisão judicial que autorizou a nova grade de horários, com menos viagens e intervalos maiores.
Segundo informações da CCR Barcas, porém, a nova grade aprovada pela Justiça vai entrar em vigor a partir de sábado (25). A concessionária informou também que o acordo com o Governo do Estado não vai revogar as mudanças, mas garantiu algumas barcas extras.
Segundo a concessionária, os usuários do transporte terão 30 dias com viagens extras entre o Centro do Rio e Paquetá, além da manutenção da grade atual para as viagens entre Praça XV e Cocotá, na Ilha do Governador.
Sendo assim, nos finais de semana dos próximos 30 dias, os moradores de Paquetá e turistas terão duas viagens extras no sábado e duas viagens extras no domingo, uma em cada sentido.
A CCR Barcas disse também que os horários dessas viagens extras não serão fixos e acontecerão entre às 17h e 22h.
Segundo a CCR Barcas, os novos horários têm como objetivo “melhorar a eficiência operacional” — Foto: Divulgação
As mudanças definitivas após o prazo de adaptação vão aumentar o intervalo entre as viagens que saem de Niterói e da Praça XV, além de reduzir o número de viagens para os passageiros de Paquetá e da Ilha do Governador. Segundo a CCR Barcas, os novos horários têm como objetivo “melhorar a eficiência operacional”.
Contabilizando somente o trajeto Praça XV-Paquetá, a redução representa uma diminuição de sete viagens ao longo do dia, na ida e volta à ilha. Nos finais de semana, a redução será de 25 viagens para apenas 12.
Moradores querem revogação
Em nota, a Associação de Moradores de Paquetá informou, na sexta-feira (24), que o comunicado do governador surpreendeu os paquetaenses, que seguem pedindo a revogação definitiva da nova grade de viagens.
“Esse acordo consiste tão somente na implantação da grade que causa terríveis impactos para a população da ilha, adicionando um horário de ida e volta nos finais de semana e feriados. Nós seguiremos mobilizados até a revogação definitiva dessa grade”, dizia o texto.
Protestos
Ao longo da última semana, os moradores do bairro realizaram três protestos, um na sede da Secretaria de Transportes do Estado, em Copacabana, na Zona Sul, e dois no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na mesma região.
Antes dos horários entrarem em vigor neste sábado, a CCR Barcas já tinha adiado as trocas em três oportunidades.
Segundo representantes dos moradores, a nova grade inviabiliza a vida no bairro, já que não existe outra opção pública de transporte ligando a ilha ao continente.
As mudanças também podem derrubar a maior fonte de recursos dos moradores, que sempre lucraram com o turismo.
“A nossa luta é pela revogação dessa grade de horários. A gente vai conversar com eles, mas não vamos aceitar negociar. Nós queremos revogar a grade”, disse o professor Leonardo Couto, que mora em Paquetá desde 2013.
Defensoria Pública vai recorrer
Nesta sexta-feira, a coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública, Patrícia Cardoso, afirmou que um recurso foi enviado e que aguarda o pronunciamento da CCR Barcas.
“O nosso pedido no processo é de manutenção do contrato de concessão, de respeito ao contrato de concessão, respeitando horários, itinerários e intervalos. Sem diminuir”, diz Patrícia.