Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Sobre a informação escabrosa do ministro da Educação(?), Vélez Rodrigues, de que a universidade pública não é para todos, deixando claro não é de nossa cota, dos pobres, ficariam assim as siglas dos projetos educacionais:
Proun$ – Programa Único para quem tem $
Fies – Fundo Indicado para a Elite da Sociedade
Enem – E nem tente, pobretão
Sifu – Sistema Informatizado de Forma Única para a Elite
Voltamos, portanto. aos 60, 70, 80 e 90, quando pobre tinha mais é que trabalhar de dia, ralar para estudar a noite numa faculdade particular, de qualidade no mínimo desejável.
Poucos conseguiam iniciar e dos que iniciavam um mínimo conseguia concluir. Dentre os quais, este que vos tecla.
Nas universidades públicas, os carrões nos estacionamentos já deixavam claro quem é que esquentava os bancos escolares.
De 2002 até 2015, a coisa para o pobre mudou para melhor, com programas sociais que, realmente, incluíram jovens carentes financeiramente nas universidades.
No entanto, isso incomodou muito a elite que esperneou: “Onde já se viu? meu filho estudando ao lado de uma pobretona, correndo o risco de até de se apaixonar por ela?”
E aí, sabe como é, veio o golpe, entrou o Fora Temer e chegou o Coiso, que foi buscar um “especialista” colombiano (nada contra a Colômbia) que veio para limpar totalmente a área e deixar somente a elite na cara do gol da universidade pública.
Para elucidar musicalmente a história, vejam como foi criada a música “Pequeno Burguês”, de Martinho da Vila.
.“Em meados dos anos 1960, o então Sargento Martinho viu um colega de farda se formar em Direito. Sargentos advogados, naquele tempo, não era coisa comum, e os colegas de patente, orgulhosos do feito do companheiro, combinaram ir à formatura fardados para prestar homenagem ao sargento e advogado Xavier.
Ocorre que o formando resolveu tirar férias e não convidou nenhum dos amigos de trabalho para a formatura. Indignados com a desfeita, todos os sargentos, inclusive Martinho, resolveram dar um “gelo” no colega a quem tacharam de novo burguês. Ninguém falava com o coitado que, inocentemente, não entendia o que estava acontecendo. Certo dia, o rejeitado Sargento Xavier encontrou-se com Martinho da Vila em um bar e resolveu passar o assunto a limpo. Depois de muita insistência, Martinho resolveu contar o motivo do desprezo.
Aliviado, o novo advogado esclareceu a situação. Na verdade, nem mesmo ele havia ido ao baile de formatura. Salário de sargento era baixo e não dava para comprar paletó, beca, anel e outras exigências formais para participar do evento. Informou, ainda, que recebera o “canudo”, posteriormente, diretamente do diretor da faculdade.
Embora ganhasse a vida como sargento, Martinho da Vila já era um bom compositor na época e a história foi um grande argumento para compor “O pequeno burguês”, um dos maiores sucessos do grande sambista de Vila Isabel e, até hoje, considerada um verdadeiro hino dos vestibulandos vitoriosos.
A história foi contada pelo próprio Martinho, no Programa Sarau, apresentado pelo jornalista Chico Pinheiro. Ouça a música.”
Extraído do blog DR. ZEM: http://www.drzem.com.br/2014/04/a-historia-da-musica-o-pequeno-burgues.html
Ouça a música, se ligue na letra emblemática sobre como rolava a coisa nos anos 60, época da ditadura militar: