As Coreias do Norte e do Sul, os Estados Unidos e a China concordam em princípio em declarar o fim formal da Guerra da Coreia, que terminou em armistício, disse o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.
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Mas as negociações ainda não começaram por causa das demandas da Coreia do Norte, acrescentou ele.
A Guerra da Coreia, que durou de 1950 a 1953, dividiu a península em duas.
Desde então, as Coreias do Norte e do Sul estão tecnicamente em guerra — com o apoio da China e dos EUA, respectivamente — e mantêm um relacionamento tenso.
Moon há muito advoga por uma declaração formal sobre o fim do conflito e estabeleceu como um dos principais objetivos de seu mandato o engajamento com o Norte.
No entanto, observadores dizem acreditar que isso seja muito difícil de alcançar.
As declarações de Moon, que está atualmente visitando a Austrália, ocorreram durante uma coletiva de imprensa em Canberra junto com o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison.
O que a Coreia do Norte quer?
Em setembro, Kim Yo-jong, a poderosa irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, indicou que seu país poderia estar aberto a negociações, mas somente se os EUA abandonassem o que ela chamou de “política hostil” contra a Coreia do Norte.
A Coreia do Norte se opõe sistematicamente à presença de tropas americanas na Coreia do Sul, aos exercícios militares conjuntos realizados todos os anos entre os EUA e a Coreia do Sul, bem como a sanções impostas pelos EUA contra o programa de armas da Coreia do Norte.
Nesta segunda-feira (13/12), Moon disse que a Coreia do Norte continuava a fazer essa demanda como uma pré-condição para as discussões.
Mas os EUA têm dito repetidamente que a Coreia do Norte deve primeiro abandonar suas armas nucleares antes que quaisquer sanções possam ser suspensas.
“Por causa disso, não podemos sentar para uma discussão ou negociação sobre a declaração… esperamos que as negociações sejam iniciadas”, disse ele.
O líder sul-coreano já argumentou que uma declaração formal para encerrar a guerra encorajaria o Norte a desistir de suas armas nucleares.
Análise por Laura Bicker, correspondente de Seul
O tempo do presidente Moon está acabando.
Ele deixa o cargo em março, após cinco anos de apelos sinceros para trazer paz permanente à Península da Coreia.
Mesmo assim, a Coreia do Norte continua mais isolada do que nunca. Os dias de apertos de mão e promessas entre Pyongyang e Seul parecem ter acabado. Por agora.
Tentar trazer um acordo de fim de guerra para a mesa é a última esperança de Moon Jae-in.
Mas ele enfrenta desafios significativos. Os EUA parecem menos entusiasmados com a ideia. O governo Biden está aberto a discussões e, claro, ninguém quer um estado de guerra permanente na península. Mas alguns acreditam que um acordo recompensaria Kim Jong-un sem receber nenhuma garantia em troca.
Os partidários dizem que o acordo é um gesto diplomático — um ponto de partida para dar garantias de segurança à Coreia do Norte. Aqueles que se opõem a isso dizem que Pyongyang poderia usá-lo para exigir a retirada de 28,5 mil soldados americanos da Coreia do Sul e pôr fim aos exercícios militares anuais conjuntos EUA-Coreia do Sul.
A imprensa estatal norte-coreana também descreveu a ideia como “prematura”.
Há um problema maior para o presidente Moon. A Coreia do Sul não assinou o armistício. Esse acordo de fim de guerra não é um presente para dar aos livros de história.
Ele pode continuar tentando trazer todas as partes à mesa, mas fazer com que todas concordem com os detalhes seria o equivalente diplomático de escalar o Everest.
O que os EUA e a China disseram?
Durante uma coletiva de imprensa em outubro, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse que os EUA “podem ter perspectivas um tanto diferentes sobre a sequência precisa ou o momento das condições para as diferentes etapas” de modo a chegar a um acordo sobre uma declaração conjunta.
Enquanto isso, a agência de notícias sul-coreana Yonhap informou na semana passada que o diplomata chinês do alto escalão Yang Jiechi havia prometido o apoio de seu país “ao impulso para a declaração do fim da guerra”, citando diplomatas sul-coreanos em Pequim.
O que aconteceu na Guerra da Coreia?
A guerra começou com uma incursão pelo paralelo 38, a fronteira entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, por 75 mil soldados do Norte comunista em junho de 1950.
As tropas americanas que apoiavam o Sul entraram na guerra nos meses seguintes e os norte-coreanos, apoiados pela China e pela União Soviética, foram repelidos.
Um impasse sangrento se seguiu e um armistício foi assinado entre os EUA e a Coreia do Norte em julho de 1953.
Cinco milhões de soldados e civis perderam suas vidas no conflito.