Astro não titubeia em apontar colega como o maior intérprete de todos os tempos, acima de outros nomes mais famosos com quem já trabalhou
Por Rubinho Damasceno, compartilhado de Revista Monet
na foto: Al Pacino olhando para John Cazale em 'Um Dia de Cão' — Foto: Divulgação
Al Pacino é indiscutivelmente um dos maiores atores da história do cinema. Conhecido no mundo todo, ele conseguiu ser a síntese de uma época – os anos 1970 – na qual recebeu sucessivas indicações ao Oscar. E ficou célebre por ter o “passe” fixado em US$ 1 milhão, valor vultuoso e recorde naquela época. Se algum diretor ou produtor quisesse trabalhar com aquele que era o astro do momento, precisava desembolsar essa quantia para pagar este cachê, obstáculo que o impediu de fazer o último filme de Alfred Hitchcock e até mesmo entrar na saga ‘Star Wars’.
Natural que Pacino, sendo assim, se sentisse a última cereja do bolo de Hollywood. Porém, com os pés bem no chão, o próprio artista já reconheceu que não foi o “melhor da sua geração” e chegou a apontar qual colega considerava o número 1, o maior com quem já trabalhou e também o mais subestimado em todas as décadas em que esteve na ativa na indústria cinematográfica, contracenando com Robert De Niro, Gene Hackman, Marlon Brando e tanto outros.
“John Cazale, em resumo, foi um dos grandes atores do nosso tempo. Na verdade, de qualquer tempo. Aprendi muito com ele. Fiz muito teatro e três filmes com ele. Ele foi inspirador. Simplesmente era o máximo. E não recebeu o crédito que merecia. Participou de cinco filmes, todos indicados ao Oscar, e foi ótimo em todos eles. Foi particularmente ótimo em ‘O Poderoso Chefão II’, e não acho que ele tenha recebido a forma correta de reconhecimento”, disparou Al Pacino, em entrevista ao jornal ‘The New York Times’.
Cazale, que morreu de forma precoce e trágica com 42 anos, em 1978, deixando viúva a também atriz Meryl Streep, teve uma trajetória curta, mas impressionante. Esteve nos elencos de três filmes vencedores do Oscar de Melhor Filme – ‘O Poderoso Chefão’ (1972), ‘O Poderoso Chefão: Parte II’ (1974) e ‘O Franco Atirador’ (1978). Outros dois com sua importante contribuição, ‘A Conversação’ (1974) e ‘Um Dia de Cão’ (1975), receberam indicações na categoria principal e também estão imortalizados na história do cinema.
Só que ele mesmo nunca recebeu a estatueta dourada da Academia, sequer foi indicado, nem mesmo ao encarnar Fredo, o filho fraco e vacilante de Don Corleone (Marlon Brando) em ‘O Poderoso Chefão’, com uma participação ainda mais relevante na sua memorável continuação, incluindo inesquecíveis duelos com Michael (Al Pacino).
Só recebeu uma nomeação como Melhor Ator Coadjuvante pelo Globo de Ouro, no papel de Sal, o perigoso e imprevisível assaltante a banco que precisa ser controlado pelo “companheiro no crime”, interpretado novamente por Pacino, em ‘Um Dia de Cão’.
“Ele era o meu parceiro de atuação favorito. O cara com quem eu poderia ter trabalhado a vida toda”, resumiu Pacino, que apesar da penca de indicações – é bom dizer – também demorou para ser reconhecido pelo Oscar, só ganhando o prêmio de Melhor Ator por ‘Perfume de Mulher’ (1992).
Será que Cazale teria chegado lá se não tivesse partido tão cedo? Nunca saberemos.