Parece que a natureza está em fúria: uns dias de muito calor, outros de frio; chuvas e ventanias fortes, secura excessiva, tudo junto de misturado.
Por Adriana do Amaral, compartilhado de seu Blog
Fotos: Adriana do Amaral
Nessa ciranda do tempo, algo em comum: a falta de energia elétrica.
Nem estou falando do apagão, mas de várias pequenas quedas que tornaram-se frequentes.
(Aqui, na minha #Macomdo, á ausência de energia elétrica soma-se a falta sinal de internet.
Dá até saudades da telefonia fixa!)
Neste cenário caótico, vejo muitos culpando as #árvores.
E, num seguimento, a poda sem critério, tanto na cidade de #São Paulo como no interior do Estado.
Caminhando pelo meu bairro, percebi a devastação causada pelo “bicho homem”.
Sem critério técnico nenhum, a motosserra é acionada, sem dó da natureza.
Poda-se tudo e quando não se consegue arrancar a árvore pela raiz, corta-se o tronco no toco.
Perplexa, vejo a ganância da prefeitura para sanar a ignorância da população, que reclama equivocadamente.
Atração e repulsa
O que mais me irrita é essas mesmas pessoas que reclamam escolheram o bairro devido à beleza natural do lugar.
Está escuro? Culpa das árvores.
Está sujo? Culpa das árvores.
Há desconhecidos no bairro? Culpa das frutas da árvores.
Trabalhadores descansando? Eles se refugiam à sombra das árvores.
Casais de namorados? Eles se escondem atrás das árvores.
Pragas? Atraídas pelas árvores.
Agora, querem destruir exatamente o que os atraiu…
Tive vontade de chorar quando vi a Mangueira centenária, em plena temporada, carregada de frutos, sendo dilapidada.
Galhos inteiros arrancados, e as mangas verdes, frutos espalhados pelo chão…
Com os galhos caem os ninhos…
Sem as árvores, a poluição avança.
Sem as raízes, a força da água não é drenada…
E a natureza reage e pune àquele que a devasta.
Lembro do meu pai dizendo que se plantássemos mais árvores frutíferas nas ruas e estradas não testemunharíamos tanta fome…
Mas, na ganância, derruba-se árvores para criar gado, expulsa-se o lavrador para “plantar” fazendas de energia solar…
Outro dia, conversando com uma vizinha, adepta do “agro é pop” da propaganda global, eu dizia que devíamos zelar pelo meio-ambiente…
Revoltada, ela respondeu:
“Precisamos comer”, como se o agronegócio fosse salvar a fome do mundo.
Argumentei sobre o lucro desmedido, ela não quis mais papo.
Um pouco antes, havia questionado o zelador do porquê de terem dilapidado a árvores plantada na calçada, que embelezava e enchia de sementes e flores o pátio frontal do prédio:
“A síndica mandou”, ele respondeu, argumentando que tudo ficava escuro e perigoso devido à árvore!
Sarcasticamente, eu respondi: ela deve gostar de poluição e concreto.
Verde as matas do olhar…
(Dos versos da canção de Eduardo Gudin…)
Quem derruba uma árvore destrói não apenas o meio-ambiente, mas o futuro.
Na minha rua tem pitanga, acerola, amora, manga…
Mas havia abacateiros e tantas frutas mais…
Resistem as maritacas, pardais, tico-ticos, corujas, cigarras, morcegos, joão de barro…
Até quando?