O Brasil de Lula e o realismo na política externa

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado

Em menos de um ano, deixamos de ser párias, o que só coube num governo genocida. Voltamos e estamos indo bem, sem bravatas, mas firmes no lado certo da História.




O Brasil está avançando em todas as áreas desde o começo do terceiro governo Lula. E um feito em particular foi a substituição da vergonha pelo orgulho no tópico sobre nossas relações com os outros países. Deixamos de ser “orgulhosamente párias”, como dizia uma besta que ocupou o Itamaraty. Não é pouca coisa. A gente estava na lata de lixo do mundo civilizado, éramos notícia pelas cafajestadas de Bolsonaro e a solidão constrangedora do sujeito no cenário internacional.

Lula recuperou o lugar do Brasil no jogo das nações. E, na recente e lamentável crise no Oriente Médio, o País conseguiu destaque nas frentes interna e externa. A ação rapidíssima de resgate dos brasileiros que estavam em Israel foi um gol de placa governamental.

Veio de volta quem quis, não importando religião ou preferência política. São todos brasileiros, afinal. E de graça, ao contrário dos EUA, país rico e que mesmo assim cobrou para resgatar os seus do conflito.

Lula pessoalmente e a diplomacia brasileira continua se empenhando diariamente para tentar salvar os brasileiros ameaçados de morte pelas bombas israelenses em Gaza. A situação dramática dos palestinos-brasileiros é motivo de permanente atenção, com um avião já estacionado há semanas à espera de autorização para livrá-los da morte.

Na ONU, a proposta brasileira foi a mais próxima de ser aprovada no Conselho de Segurança da entidade, o que permitiria a criação de um corredor humanitário e, entre outros pontos, asseguraria a saída dos nossos compatriotas sitiados em Gaza. A soberba e o interesse bélico da administração Biden, infelizmente, impediram que o esforço do Itamaraty fosse concretizado em ação.

Para avançar na questão, Lula teve a coragem de contrariar importantes figuras do seu PT. Lula é chefe de Estado, não de partido. Como um presidente respeitado no mundo não poderia classificar de “terrorista” a ação do Hamas que executou jovens que estavam em rave e muitos civis israelenses? Impossível.

Ao mesmo tempo, o presidente brasileiro classificou de “insanidade” a retaliação de Israel, que mata milhares de civis palestinos, num festival desumano que envergonha a Civilização.

Não caberia a Lula, ao contrário do que queriam alguns lunáticos, justificar o ato do Hamas em razão da opressão de décadas do povo palestino. O Hamas assassinou civis, jovens, crianças, mulheres e idosos. É uma ação condenada em quase todo o mundo civilizado.

Para continuar com lastro, a luta justa pela criação do Estado Palestino e a desocupação dos espaços que Israel tomou de seus verdadeiros donos, Lula não poderia mesmo deixar de condenar a morte de civis no conflito.

Com a atitude sem dubiedade, Lula se credencia mais ainda no grupo de países que não aceitam, sobretudo, o papel dos Estados Unidos como xerife do mundo, tarefa que não foi delegada por nações verdadeiramente independentes.

O Brasil não pode tudo no jogo de poder internacional, mas se recolocou como uma voz que tem lugar de respeito na mesa das decisões. Não é pouco mesmo.

Em menos de um ano, deixamos de ser párias, o que só coube num governo genocida. Voltamos e estamos indo bem, sem bravatas, mas firmes no lado certo da História.

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