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O cientista Miguel Nicolelis publicou um artigo na renomada revista The Scientific American na qual afirma que “estar no Brasil agora é como estar preso, no meio de um campo de batalha caótico” e compara o país a uma “Fukushima biológica”, fazendo alusão ao desastre nuclear ocorrido na Central Nuclear de Fukushima I em 2011, causado pelo derretimento de três dos seis reatores nucleares da usina em razão de um tsunami. Abaixo, trechos:
Estar no Brasil agora é como estar preso no meio de um campo de batalha caótico, um cerco de 14 meses, sem ninguém no comando do seu lado das trincheiras. Totalmente cercado por um inimigo letal que se aproxima cada vez mais de você e de sua família. Este inimigo biológico continua se transformando de uma maneira que parece bem adaptada para infectar todos ao seu alcance, não mostrando misericórdia nem para mulheres grávidas nem para seus bebês recém-nascidos.
Após 12 meses de tal guerra biológica brutal, mais de 390.000 brasileiros morreram; o número de fatalidades subiu para mais de 4.000 mortes por dia no início de abril, e o número de novos casos por dia ultrapassou 100.000, lotando hospitais com dezenas de milhares de pacientes terminais que ocupam todos os leitos de UTI disponíveis em um país que tem um dos maiores sistemas nacionais de saúde pública do mundo e mais hospitais do que os EUA. Esse tsunami constante de pacientes gravemente enfermos levou a um colapso sem precedentes de todo o sistema de saúde do país e ao estabelecimento de mais um par de recordes mundiais em termos de profissionais de saúde infectados e falecidos. (…)
Assim que surgirem, essas variantes terão amplas oportunidades de alcançar os países vizinhos em toda a América Latina e, eventualmente, o resto do mundo, em questão de semanas ou meses. A variante P.1, que contribuiu para a segunda onda devastadora brasileira, já foi detectada em pelo menos 37 países em todo o mundo – um verdadeiro “Fukushima biológico”. Como um reator nuclear que entra em uma reação em cadeia incontrolável, a tragédia brasileira mostra todos os sinais de uma ameaça global emergente.