O Brasil que não se explica… 22, coisa de louco

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Por Sérgio Mesquita, Facebook

Todos os dias recebo referências feitas aos “coxinhas” golpistas nas redes sociais. E, em igual proporção, postagens questionando suas sanidades por causa das mesmas postagens. Coisas como: “Greve a favor da ditadura”… Como? As greves são proibidas nas ditaduras. “Durante a ditadura não se roubavam celulares”. E eles existiam? Campanha para que não se abastecesse o carro porque a gasolina aumentou para R$2,80 e filas para abastecer, agradecidos, com a gasolina a custar mais de R$ 5,00. E a pior de todas, defendem as privatizações, mas se esquecem que serão privados de tudo. Esses são alguns dos exemplos, entre outros, com que a classe média nos brinda.




Porém, se pensarmos melhor e nos inspirarmos na letra da música, “22”, do artista mineiro radicado em Maricá, Délcio Teobaldo, podemos entender um pouco desse país e dessa gente. Um pouco da loucura do sistema capitalista e de nosso “viralatismo”. Bem como entender melhor a afirmação colocada pelo escritor português José Saramago, que nos diz que democracia e capitalismo são convivem num mesmo espaço de tempo.

Em uma situação de “normalidade”, ditos como “quem não chora não mama”, “teme quem deve” e outros, fariam sentido. Mas na atual situação por que passamos, viver num estado exceção, toda e qualquer lógica se perde, ou melhor se encaixa no absurdo do sistema e certeza e incertezas se confundem ou se misturam, como nos coloca o fragmento da letra da música “22”, abaixo:

Nessa terra de incertezas, “em se plantando tudo dá”: café, fumo e ouro, barraco no morro, vergonha na cara.
Nessa terra de incertezas, acreditando, tudo há: escola sem muros, Pivetim com futuro, Caipora na mata.

Ou seja, o incerto é quando existem condições de crescimento para aquela parcela empobrecida pelo sistema. Porém, mesmo em meio as (in)certezas, o sistema consegue sangrar a população:

Se eu planto, tu plantas, nós plantamos, vós plantais, eles comem mais…

E nos momentos de certeza, o sistema mostra sua cara, a verdadeira cara:

Nessa terra de certezas, nada como é, será: Só não teme quem deve; só chora quem mama; quem tudo quer tudo ganha.
Nessa terra de certezas, quem duvida chega lá: “Tupi or not Tupi”; “Viva a palhoça-ça”; “Ó-Blésq-Blom”.

E, como nos momentos de (in)certeza, o sistema continua ganhando.

Se eu toco, tu tocas, nós tocamos, vós tocais, eles dançam mais…

 

Ao final da música, somos brindados com um trecho da carta de “achamento” do Brasil, onde o futurólogo Pero Vaz Caminha dá a pista para que quase 500 anos depois, Nelson Rodrigues definisse o brasileiro, a classe média, como “vira-lata”.

Neste dia, enquanto ali andaram, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som dum tamboril dos nossos, em maneira que são muito mais nossos amigos que nós seus…”

No sistema capitalista que vivemos, onde nosso papel é servir, temos o brilhantismo do Darcy Ribeiro, quando nos diz que no máximo, seremos o gerente do Engenho. Por isso, hoje, temos presos sem provas e criminosos governando o país e fazendo (in)justiças.

Há braços

Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá

 

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