O Brasil que vejo e não desejo

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Por René Ruschel, blog Agenda Capital – 

A cada dia, em algum canto do Brasil, uma denúncia de corrupção vem à tona. Nunca, antes, na história desse país, estivemos tão expostos a um mar de lama que aos poucos sufoca a Nação. O que não significa que a prática do roubo, da extorsão, da improbidade administrativa, seja um fato recente. Trata-se de um processo histórico que perpassa por todos os governos, sem exceção.

O que preocupa é o fato de não enxergarmos luz no fim do túnel. A começar pela total ausência de uma liderança, pública ou privada, que seja capaz de assumir uma parcela da responsabilidade por unir o Brasil. Ao contrário, o que vemos são as eternas aves de rapina em busca de soluções midiáticas, de pautas sociais, políticas ou econômicas que visam apenas seus interesses. A lei do quanto pior, melhor.




No Brasil, a corrupção está no DNA de uma imensa parcela da sociedade. Sejam homens públicos ou privados, em todas as esferas. Aliás, até a religião se transformou num eldorado de vantagens materiais. Os bem-nascidos para preservarem o fausto; os emergentes em busca de seu quinhão e o povão se salva como pode. A história se repete desde o menor município ao Planalto Central. Basta que cada um olhe de soslaio ao seu micro-mundo e verá um exemplo. Os interesses pessoais estão acima dos coletivos e a política tornou-se o atalho mais curto para atingir esses fins. A simbiose público e privado é a receita perfeita para o bolo da corrupção. Depois, se sentam à mesa para se fartar

.

Acontece que nesse momento o governo federal é a Geni da história. Os coadjuvantes se escondem ou preferem atacar como tática de defesa. Mas ambos fazem parte do mesmo jogo, afinal, não há corrupção sem corruptor.

A pergunta que fazemos é onde está a saída? Como deixamos o esgoto social e político que nos encontramos?  A primeira medida talvez seja reeducar a própria Justiça. A Operação Lava Jato é apenas uma entre milhares que já deveriam ter sido tomadas ao longo de décadas – ou séculos – e foram postergadas. Não seremos libertos por salvadores da pátria, sejam eles Joaquim Barbosa, durante o processo do mensalão, ou Sérgio Moro. Necessitamos de instituições fortalecidas e dentre elas o Judiciário ocupa uma função primordial.

A decepção com os partidos políticos e sua falta de representatividade, aliada à nossa total passividade, contribuiu para que chegássemos a esse precipício. O pior é que insistimos no erro. Os milhares de brasileiros que foram às ruas protestar contra o governo exigem soluções que passem por um debate neutro ou apartidário. Mas o desprezo pelos partidos não pode ser confundido como a negação da política. Por um motivo elementar e simples: em qualquer país, durante toda da história da humanidade, as soluções foram e serão sempre de natureza política. O remédio não é acabar com partidos, mas restaurá-los, pois, trata-se do único canal entre a sociedade e os governos democraticamente eleitos. Queiramos ou não, não há outro caminho.

Diógenes de Sínope, filósofo que viveu entre 413 e 323 a. C, acreditava que as virtudes dos homens só tinham valor se reveladas por meio de ações e não pela retórica quase sempre vazia. Incrédulo, perambulava em plena luz do dia pelas ruas de Atenas, na Grécia antiga, com uma lâmpada acessa em busca de “cidadãos verdadeiros e virtuosos”. O simbolismo do velho mestre, se aplicado em nosso universo a partir da escolha do síndico do prédio, do presidente da associação de amigos ou do vereador que nos representa, pode ser o primeiro passo. No entanto, é preciso que cada um de nós tenha conhecimento e vontade; disposição e participação nas discussões; que sejamos de fato parte integrante dessa mudança. Votar e se esconder em casa, não nos levará a lugar algum. Ou melhor, fará com que tudo fique exatamente como está.

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