Por Kiko Nogueira em seu Blog –
Por motivos óbvios: é um amontoado de sandices, de paranoia estúpida e de psicodelia que não se ouve desde a fase do Bozo em que ele estava usando crack no café da manhã.
Araújo se apresentou na fundação Heritage, um think tank de direita em Washington.
Ao longo de 38 minutos, brindou os presentes com uma salada de referências perdidas de literatura, história, religião e filosofia e ciência.
Tudo em sua dicção titubeante e seu sorriso alvar.
O “climatismo” — os seguidores da tese do aquecimento global, segundo o cidadão — ameaça a soberania brasileira e faz gente como ele se sentir “como se estivéssemos vivendo em um apocalipse zumbi”.
Queixou-se de não pode nem comer um bife em paz.
“O Brasil voltou para onde nunca esteve, mas onde nós pertencemos. E talvez ao lugar ao qual todas as nações pertencem. De volta ao centro do combate”, falou.
Leia isso em voz alta no metrô e você será internado.
“O globalismo é o mundo sem símbolos”, continuou, e a falta desses símbolos é o “desafio que a nossa civilização enfrenta”.
Dilma Rousseff, a quem ele elogiou numa série de conferências nos EUA, é uma “líder detestada” que “nós retiramos do cargo”.
O melhor resumo foi feito no Twitter pelo jornalista Ishaan Tharoor, colunista do Washington Post e professor da Universidade George Washington, que assistiu à sessão de tortura.
“Eu nunca tinha ouvido Araújo falar antes e é impressionante como suas observações são incoerentes. Agora ele diz algo sobre o socialismo do século 21 ser o encontro de Gramsci com os cartéis de drogas”, escreveu.
“Há uma desconexão fascinante entre a direita dos EUA e seja lá o que for que Araújo represente. Ele realmente vê sua política como uma reação à ortodoxia de esquerda”.
“Além de se irritar com os esquerdistas do campus, a direita americana nunca se importaria com essas pessoas ou envolveria suas ideias (ainda que absurdamente) em um discurso de política externa. Araújo ofereceu uma distinção entre leninismo e stalinismo, como se alguém na Heritage desse a mínima”.
My mentions are flooded with the word “vergonha,” Portuguese for “shame,” which seems as prevalent in Brazilian Twitter in the age of Bolsonaro as “resist” was in US Twitter in the first year of Trump.
— Ishaan Tharoor (@ishaantharoor) September 11, 2019
Straight up projection here: Re the left, “what they’re criticizing is what they’re preaching.”
— Ishaan Tharoor (@ishaantharoor) September 11, 2019
The speech by the Brazilian foreign minister at @heritage could have been delivered by a US campus conservative as a PragerU, complaining about the media, globalist system, etc. It’s been an endless screed of victimhood from someone in power.
— Ishaan Tharoor (@ishaantharoor) September 11, 2019
O ministro das Relações Exteriores — “chanceler” dá a ele um ar de nobreza que simplesmente não casa com a pessoa — Ernesto Araújo deu uma palestra que viralizou.