Por Paulo Nogueira, para o Diário do Centro do Mundo –
Se você se baseia na mídia, é um ser torturado, infeliz, revoltado, pessimista desde o momento em que acorda até a hora em que põe o pijama e vai dormir.
Foi este o brasileiro que, em sua campanha, Aécio apresentou aos eleitores.
Não apenas ele.
Marina, em sua louca cavalgada quando foi ficando para trás nas pesquisas, esgrimiu também este brasileiro.
Vamos chamá-lo de BI, Brasileiro Imaginário.
Lembremos também as vociferações de candidatos como Pastor Everaldo e Levi Fidelix em nome do BI.
Agora, feita esta introdução, entremos na vida como ele é.
Acaba de sair uma pesquisa internacional feita por um dos institutos mais consagrados do mundo, o Pew Research Center.
O Pew entrevistou 44 000 pessoas em 48 países para aferir o grau de otimismo delas.
Em apenas cinco países, sete entre dez entrevistados se declararam otimistas com o futuro.
O Brasil está nesta lista dourada.
Os outros quatro: Vietnã, China, Chile e Bangladesh.
Compare com os resultados obtidos em grandes países às voltas com uma crise econômica que vai se prolongando muito além do que se imaginava.
Essa crise, aliás, vem sendo negada ou amplamente subestimada por comentaristas econômicos, e Aécio também fingiu que ela não existia.
Na França, apenas 13% dos ouvidos estão otimistas. Nos Estados Unidos, 30%.
No Vietnã, o campeão em otimismo, essa taxa é de 94%.
O Pew perguntou também aos entrevistados quais são os motivos de preocupação.
A desigualdade social, o que não surpreende, foi citada com frequência.
Voltemos ao Brasil: alguém ouviu Aécio falar em desigualdade? Ou a mídia?
Aécio e a mídia falaram para o BI, o Brasileiro Imaginário.
Mas quem foi às urnas foi o brasileiro real.
Deu no que deu.