O Camões e Nada Além

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Por José Sérgio Rocha, jornalista, Facebook

O Rio de Janeiro que conheci guri e adolescente ainda tinha o Camões, um ônibus “caolho” que de alguma forma lembrava o poeta dos Lusíadas. Viajei muito no Estrada de Ferro-General Osório. Pegava o ônibus vindo de Ipanema na Rua Francisco Sá, perto da casa do Mário Lago, onde eu entregava remédios da farmácia onde trabalhava, e descia na Marechal Floriano para trabalhar no Instituto Verificador de Circulação, na Rua Leandro Martins. Saía por volta das 6h da tarde e ia para o Pedro II, meu colégio querido, que ficava a uns metros de distância.

Por que lembrei que o ponto era perto da casa do grande Mário Lago? É que anos depois trabalhei com o filho mais velho do grande ator, escritor e poeta de canções inesquecíveis, o Antonio Henrique Lago, meu colega no Globo e, junto com a irmã Graca Lago, também jornalista, novamente próximo por conta de uma campanha eleitoral na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), marcada por cambalachos (felizmente tudo vai terminar nesta quinta-feira, dia 27 de junho). Com o terceiro irmão, Mariozinho, grandão apesar do diminutivo, estive por perto e dividi cervejas em numerosas rodas de samba e carnavais.




Sim, foi o autor do samba “Amélia”, com Ataúlfo Alves, mas a joia do repertório de Mário Lago, para mim, foi o fox-trot “Nada Além”, parceria com Custódio Mesquita. As gravações de Nelson Gonçalves e Maria Betânia, entre outras, são fantásticas, mas sou mais a original, com Orlando Silva, o Cantor das Multidões, em 1938. Clique no link abaixo do título para ouvir.

Sobre “Nada Além”, meu querido amigo Salvador Lacerda Falcão, exilado no Sul do país há décadas, registrou em seu blog qualdelas.com.br, que visito frequentemente, a seguinte declaração de Mário Lago:

“Em 1937, vendi “Nada Além”, parceria com Custódio Mesquita, para os irmãos Vitale. Eles eram editores e, como era comum na época, fui pedir um vale. A situação estava difícil, acabei vendendo a música que depois estourou. Mas surgiu “Amélia”, outro estouro, e o Vitale também quis comprar. Finquei o pé e pedi a ele para anular o contrato de venda de “Nada Além”. Como a música já tinha rendido muito, ele concordou: me pagou os direitos e cancelou o contrato. Concordou também em registrar o copyright de “Amélia” para mim e o Ataulfo Alves. Mas, na pressa, acabei esquecendo da anulação de “Nada Além” e aquela música não me rendeu ”nada além” do que recebi”.

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