Por Ahmed Seravat
João Pedro, Leandro e Victor foram correndo para a casa do Sergio comemorar.
– Conseguimos. O Luiz esta ferrado. Conseguimos provar que ele é o dono do carrinho de pipoca que fica na porta do Colégio, comemorou João Pedro.
– Não vai poder disputar a eleição para a presidência do diretório acadêmico, acrescentou Victor.
– Francamente, regozijou-se Leandro, botar um laranja pra vender a pipoca! E ele autorizou aquele pipoqueiro quando foi presidente da última vez.
– Mas vocês não deviam ter vindo direto pra minha casa. Fui eu que comecei com esta história, sorriu nervoso Sérgio.
– Que nada, falou Leandro, nos três fomos muito convincentes diante da banca. Nem pareceu que combinamos nossa versão. E a TV da escola transmitiu ao vivo para todos os alunos.
– E vocês precisam rever as caras de sério que eu fiz, tripudiou João Pedro. Eu fiquei até com medo de cair na gargalhada. Mas ensaiei bastante com aquele filho do apresentador de TV.
– Aquela história de que ele foi visto olhando o carrinho, que fez comentários sobre a melhor maneira de fazer uma pipoquinha com queijinho, que sugeriu até mudanças na pintura …
– Eu gostei mais daquela testemunha que disse que ele comprava pipoca e não pagava. Não tínhamos nenhuma prova, mas colou a história de que havia uma casquinha de milho no dente dele.
– E vocês acham que mesmo assim o Luiz ainda é favorito para presidir novamente o diretório estudantil, questionou Sérgio.
– Olha, falou Victor, se disputar a eleição ele ganha. O que a gente precisa é impugnar a candidatura dele. Eu sei que o Sergio queria a presidência, mas as coisas saíram um pouco fora de controle e é melhor a gente já ir.
– Sacanagem, até a minha namorada já queria colocar no face a página ‘eu namoro com ele’, lamentou Sérgio.
Os quatro iniciavam um brinde, a champanhe preparada por Sergio borbulhava no balde de gelo, quando ouviram um barulho do lado de fora da casa. Algo havia fugido ao script.
– Caramba, estamos cercados, os estudantes estão todos vindos pra cá. Todo mundo apoiando o Luiz. Onde foi que erramos, tremia Sérgio.
Enquanto, atônitos, os quatro batiam cabeça desnorteados, uma velha canção de Sérgio Ricardo ecoava da multidão:
“Não se brinca com o Poder
Que o Poder do Povo é bem maior”