Por Kiko Nogueira, publicado em DCM –
A matéria saiu no G1 no último dia 9 e tem um cheiro pesadíssimo de armação — ou, se preferir, fake news.
Dois homens, de 24 e 27 anos, moradores de São Bernardo do Campo, em São Paulo, foram capturados na rodovia MS-164, em Maracaju, Mato Grosso do Sul.
Eles transportavam, num veículo, 165 quilos de maconha e 2,8 quilos de skank.
Aí entra uma descrição sui generis.
“No momento da prisão os dois suspeitos vestiam camisetas que pedem a liberdade para o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba (PR), há dois meses, em razão de uma condenação de 12 anos por corrupção e lavagem de dinheiro”, ficamos sabendo.
“A equipe que estava no local deu ordem de parada ao veículo em que estava a dupla. O condutor, o homem de 24 anos desobedeceu e furou o bloqueio. O carro foi perseguido por cerca de 45 quilômetros, até que o suspeito perdeu o controle da direção e o automóvel rodou na pista”.
Se a roupa tivesse o slogan “Globo golpista” seria notícia?
As camisas estão impecáveis. Novinhas, ainda com vincos. Surpreendente, especialmente após uma perseguição desse gênero.
O sujeito à direita a está usando sobre um agasalho. Moda?
Apesar de nenhum deles ser menor, seus rostos foram borrados.
Tudo indica que a imagem foi fraudada. Provavelmente pela polícia.
Onde está o discernimento do portal? Ou a ideia não é essa?
Em 1989, foi crucial para o resultado do segundo turno das eleições, em que concorriam Collor e Lula, a cobertura do sequestro de Abílio Diniz.
O Globo informou seus leitores da seguinte maneira: “Tuma assegurou que os terroristas integram duas organizações de extrema esquerda no Chile – Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) e Organização de Resistência Armada (Ora) e que em poder dos que foram presos foi apreendido material de propaganda política do PT”.
O desmentido da ligação do partido com os sequestradores só ocorreu após a vitória de Collor.
Em circunstâncias normais, o G1 deveria uma explicação a seus leitores, tratados como otários.
Mas quem disse que estamos em circunstâncias normais?