Por Luis Nassif, publicado em Jornal GGN –
Foi um feito do seu Oscar Nassif, farmacêutico, diretor de futebol da Caldense e correspondente da Gazeta Esportiva, em negociações com Carlos Joel Neli, influente diretor da Gazeta Esportiva.
Amigos brincam comigo que tudo começou em Poços de Caldas. Tudo, não digo, mas quase tudo.
Por exemplo, a autoestima do Brasil de JK, no grande salto da industrialização, foi a Copa do Mundo de 1958, vencida pelo Brasil, afastando de vez a síndrome da fracassomania. E onde tudo começou? Em Poços, claro, que abrigou a concentração da seleção brasileira. Foi um feito do seu Oscar Nassif, farmacêutico, diretor de futebol da Caldense e correspondente da Gazeta Esportiva, em negociações com Carlos Joel Neli, influente diretor da Gazeta Esportiva.
Assisti a todos os treinamentos. Bebi a admiração de meus amigos mais velhos com o maior ídolo daquele período pré-Copa, Didi. E me espantei, nos coletivos, pela passividade de um centro-avante loiro, tão parado em campo que supus que era o Santa Maria, padeiro da cidade e titular da Caldense, enxertado na seleção. Era Mazola, já contratado pelo Milan, e não querendo se expor.
Foi ali que Mazola perdeu a vaga para Vavá “Peito de Aço”, e Canhoteiro perdeu para Zagalo, depois de pular a janela da concentração para visitar a zona.
Mas a parte mais marcante foi na volta da Suécia, já campeã do mundo. Os jogadores foram a Poços para agradecer a hospitalidade. Foi montado um palanque em plena Praça Pedro Sanches, com a presença de vários deles. Me lembro de Pelé, Beline e Mauro, nosso conterrâneo.
Lembro-me bem porque estava em cima do palanque com meu pai, distribuindo serpentinas para os meninos que se amontoavam em um dos lados.
Lá pelas tantas, o palanque cedeu. Foi caindo lentamente. Meu pai me pegou no colo e me lembro de ele segurar com o pé um dos jogadores que caia sobre nós. Foi um acidente trágico, que esmagou o menino Marcílio Dias, um dos que se apinhavam para receber as serpentinas.
Ele morava em um apartamento em cima da Livraria Social, do velho Cornelio Hovelacque, que tinha um filho chamado Leibniz, muito amigo do meu pai. Que cidade do interior tinha um livreiro de nome Cornelio, com um fllho de nome Leibniz?
O enterro de Marcílio parou a cidade.
Aqui, fotos da seeção em Poços, colocadas em um grupo de Facebook.
Uma consequência trágica na concentração da Seleção em Poços, foi o evento posterior, em que os jogadores voltaram para agradecer a hospitalidade da cidade. Foi montado um palanque na praça com a presença de vários dos jogadores campeões, incluindo Bellini, Mauro e Pelé. Com 8 anos, eu estava no palanque com meu pai, Oscar Nassif, que era diretor de futebol da Caldense. Ficava distribuindo serpentina para meninos que estavam ao lado do palanque. Lá pelas tantas, o palanque cedeu e caiu em cima dos meninos. Morreu o menino Marcilio Dias, que morava em cima da Livraria Social, do Cornelio Hovelacque. Foi um enorme trauma na cidade.
Foi na concentração, também, que Canhoteiro perdeu a titularidade para Zagalo, por pular a janela para ir farrear.
Nos treinos, Mazzola quase se arrastava em campo. Estava tão parado que pensei que fosse um dos Santa Maria (padeiros que jogavam na Caldense) que tinham entrado de enxerto. Depois, se soube que ele já estava vendido para o Milan e nao queria se machucar. Perdeu o lugar para Vavá.