O dia em que Elis me abriu ouvidos e olhos

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista

Em 1975, tinha eu 17 anos e só queria saber de rock. Que não me falassem em outro tipo de música. Virava uma fera. O negócio era Led Zeppelin, Deep Purple, Nazareth, Black Sabath… Fazia uma concessão para o blues cantado por Joe Cocker, Eric Clapton, B.B. King. No Brasil, Raul Seixas. Trabalhava no escritório de uma empresa. O filho de um dos donos apareceu com um convite para o show Falso Brilhante, de Elis Regina, e me ofereceu, como se tivesse me ofendendo. E, realmente, fiquei meio que ofendido com o oferecimento, mas com adorava fazer o contrário do que as pessoas achavam que eu ia fazer, aceitei o convite.




E lá vou eu, sozinho, para o Teatro Bandeirantes, no Bixiga, próximo ao centro de São Paulo, para assistir ao show. Mas fui com algo me martelando a cabeça: “Você é um otário. Você não vai gostar desta porra. Como você é teimoso. Música brasileira, o caralho! Custava recusar o convite?”

Pois bem, fui e adorei o show. Adorei Elis. Ela fez minha cabeça total. Me peguei arrepiado, com lágrimas nos olhos, cantando Falso Brilhante com ela. Saí dali dividido, roqueiro e Elismaníaco. Nunca mais fui o mesmo. Passei a gostar de música brasileira, de samba, de bolero, de balada. Tudo por causa da Elis.

Hoje, completam-se 36 anos que Elis nos deixou fisicamente. Mas esta mulher eterna nunca nos deixou de verdade. Está no ar, cantando e sorrindo sempre. Salve, Elis, e, mais uma vez, obrigado por abrir meus olhos e ouvidos.

Aqui, a íntegra do show que mudou definitivamente meu gosto para a música. “Falso Brilhante”, que ficou em cartaz de 1975 a 1977, com mais de 1.200 apresentações.

https://www.youtube.com/watch?v=YhY8Y8fT2QQ

 

Músicas e autores do disco:

Lado 1

N.º

Título

Compositor(es)

Duração

1.

“Como Nossos Pais”

Belchior

4:21

2.

“Velha Roupa Colorida”

Belchior

4:11

3.

“Los Hermanos”

Atahualpa Yupanqui

3:33

4.

“Um por Todos”

João BoscoAldir Blanc

2:24

5.

“Fascinação” (Fascination)

Fermo Dante Marchetti, Maurice de Féraudy. Versão: Armando Louzada

3:01

Lado 2

N.º

Título

Compositor(es)

Duração

6.

“Jardins de Infância”

Bosco, Blanc

2:49

7.

“Quero”

Thomas Roth

3:43

8.

Gracias a la Vida

Violeta Parra

4:23

9.

“O Cavaleiro e os Moinhos”

Bosco, Blanc

2:04

10.

Tatuagem

Chico BuarqueRuy Guerra

4:21

Duração total:

34:50

Ficha Técnica

  • Direção de produção: Mazzola
  • Direção musical e arranjos: César Camargo Mariano
  • Estúdio: Phonogram
  • Técnico de gravação: Ary Carvalhaes
  • Técnico de mixagem: Mazzola
  • Auxiliares de estúdio: Paulo Sérgio, Jairo e Jorge
  • Copy Room: Jairo Gualberto
  • Corte: Joaquim Figueira
  • Agradecimentos a Ary e Luigi
  • Layout-capa: Naum Alves de Souza
  • Capa Interna: Aldo Luiz
  • Arte final: Nilo de Paula
  • Fotos: Cristiano Mascaro

Músicos

  • Bateria, violão, piano elétrico em Tatuagem: Realcino Lima Filho (Nenê)
  • Guitarra, violão, viola e percussão: Nathan Marques
  • Contrabaixo, baixo elétrico e percussão: Wilson Gomes
  • Guitarra, teclado, violão, percussão: Crispim Del Cistia
  • Teclado e violão: César Camargo Mariano

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