O professor Dalmo de Abreu Dallari foi o entrevistado de ontem no programa Contraponto, do Sindicato dos Bancários. Respondeu a perguntas de Eduardo Guimarães, Paulo Salvador, Kiko Nogueira, de internautas e deste blogueiro.
Impeachment? Não vai acontecer. Será barrado no STF, venha do Congresso ou do TSE, na opinião do jurista. A tendência teria ficado explícita no julgamento do financiamento privado de campanhas: a maioria da corte adere firmemente à Constituição. Para ser cassada, Dilma teria de ter cometido crime de responsabilidade durante o atual mandato. Além disso, frisou Dallari, não há um conjunto organizado de forças capaz de mobilizar a sociedade brasileira como em 1964, antes do golpe cívico-militar.
O professor escreveu um famoso artigo, publicado pela Folha em 2002, em que atacava a indicação de Gilmar Mendes para o STF, argumentando que o atual ministro atropelava a lei de acordo com suas conveniências políticas, enquanto advogado-geral da União no governo de Fernando Henrique Cardoso. Dallari disse que seus embates com Mendes começaram muito antes, quando Gilmar se colocava ao lado de latifundiários enquanto Dallari advogava em defesa de indígenas.
Sobre Gilmar, onipresente nas manchetes de jornais e emissoras de rádio e TV nos dias de hoje, Dallari recomenda: vamos deixá-lo falar sozinho, ele está em minoria, sua atuação política é inconsequente!
Dallari também contou um episódio saboroso sobre a coluna semanal que escrevia para a Folha de S. Paulo. Ele escrevia sobre temas genéricos, mas sempre em defesa dos direitos sociais. De repente, a coluna foi suspensa. Depois, ficou sabendo que tinha sido por intervenção direta do alemão naturalizado brasileiro Wolfgang Sauer, que presidiu a Volkswagen e a Anfavea, entidade representativa das montadoras. Sauer teria mandado um recado à direção da Folha: se Dallari continuar, a gente retira toda a publicidade. Dallari “caiu”.