O dia em que Sérgio Moro prestigiou o maior operador do PSDB paulista

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Por Luis Nassif, Jornal GGN – 

No site de Veja, foi consagrador o relato da palestra de Sérgio Moro ao público de empresários ligados à LIDE, de João Dória Jr.

Cerca de 580 empresários e consultores almoçaram hoje com o juiz Sergio Moro, encarregado da Operação Lava Jato, no hotel Grand Hyatt em São Paulo.




O público presente ao evento, promovido pelo grupo empresarial LIDE, era maior que o público do almoço que a LIDE organizou com Aécio Neves durante a campanha eleitoral do ano passado.

Aplaudido de pé, Moro foi elogiado pelos presentes por sua ‘postura comedida’, ‘humilde’ e sua capacidade de evitar o deslumbramento apesar de ter todos os holofotes do País sobre ele.

Moro disse que a iniciativa privada acaba cedendo à tentação de pagar propina para obter facilidades. “A corrupção é um problema que sempre vai existir, mas a questão é o nível de corrupção,” disse ele, acrescentando que há diversos indícios de que, no caso investigado pela Lava Jato, a corrupção ‘entrou num nível sistêmico’.

“O que mais me incomoda é a percepção de naturalização da propina,” disse Moro. “Às vezes há uma certa dificuldade de se obter uma resposta sobre o motivo do pagamento. “ Segundo ele, em muitos casos os investigados apenas respondiam: “Era a regra do jogo. “

Ao lado de Moro, um dos anfitriões do encontro concordava com a cabeça e puxava as salvas de palmas para o juiz. Ali estava o homem capaz de passar o país a limpo e permitir ao empresariado trabalhar limpamente. Tratava-se de Washington Cinel, dono da Gocil, empresa de segurança, um dos grandes exemplos das oportunidades que o novo Brasil abre aos self-made-men.

Graças ao seu empreendedorismo, Washington tornou-se um dos homens de ouro de Dória, que o nomeou presidente da Lide Segurança.

Washigton entusiasmou-se especialmente na conclamação que Moro fez ao empresariado:

“O empresariado tem muita força para fazer as reformas das instituições e para dizer não no caso de cobrança de propina e, em caso de extorsão, deve levar as denúncias para as autoridades.

Rapidamente, deve ter passado pela cabeça de Washington as etapas que o fizeram sair do interior e conquistar a capital. De mero funcionário da prefeitura de Reginópolis (SP) tornou-se um empreendedor bem-sucedido, mostrando como o Brasil é uma terra de oportunidades.

Sua revanche sobre a infância pobre foi a compra da casa do grande representante do andar de cima da velha geração, José Ermírio de Moraes. Comprou e adquiriu as casas em volta para construir provavelmente a mais cara mansão do país, avaliada em R$ 200 milhões não apenas pela imponência da obra, mas pelas antiguidades adquiridas em Londres.

Não apenas ela, mas a mansão em Miami e na praia de Tabatinga e o prédio de dez andares da Gocil, no qual o andar do presidente permitiria até jogar golfe.

Lá, os convidados de Washington almoçam banquetes servidos por garçons utilizando luvas, exemplo máximo de que, se a riqueza não traz lustro intelectual, ao menos permite copiar os rapapés dos grã-finos.

O empreendedor político

Para quem compara o começo e o apogeu da carreira de Washington, tem-se ali o exemplo acabado do empreendedor brasileiro nato, sendo um dos anfitriões do juiz que quer passar o país a limpo.

De perto, o personagem é tão conhecido como a própria história do país, lembrando alguns personagens do Vaudeville que Carlos Gomes encontrou na Europa quando partiu para lá: o sujeito que enriquece na política e vai gastar seu dinheiro no cancan.

Washington saiu de Reginópolis exonerado da prefeitura por malfeitos. Seguiu para Bauru, ingressou na Polícia Militar e chegou a tenente.

Encontrou o mapa da mina ainda no governo Quércia, quando montou a Gocil e conseguiu os primeiros contratos de terceirização do Estado, junto com vários outros oficiais que passaram a constituir a República da PM , ascendendo ao poder financeiro e político com suas empresas de segurança, compondo-se com sucessivos governos estaduais.Tem como maiores clientes a Companhia Metropolitana do Metrô e outras estatais paulistas.

É conhecido pela absoluta aversão a pagar impostos.

Seus débitos com o INSS atingem R$ 700 milhões, a maior parte decorrente de contribuições descontadas em folha e não repassadas ao órgão – sistema que já colocou muitos empresários pouco influentes na cadeia.

É um mistério como consegue operar sem certidões negativas em um setor que é controlado de perto pela Polícia Federal. Há suspeitas de que ele opera em São Paulo com certidões negativas de outros estados, especialmente do Paraná.

A casa do empresário que Moro prestigiou fica na rua Costa Rica, em frente à de Paulo Maluf e de J. Hawila, três ícones do Brasil que Moro diz pretender passar a limpo.

Nos últimos tempos decidiu entrar no ramo de administração de hospitais. Seu alvo prioritário são os hospitais do estado de São Paulo.

Tornou-se unha e carne de João Dória, que o colocou como presidente da LIDE Segurança. Sua aproximação com Dória se explica pelo elo com o PSDB, uma mão lavando a outra. Hoje em dia é considerado o principal operador dos financiamentos de campanha do governo paulista, devido à sua enorme facilidade em emitir notas fiscais.

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