Por Moacir Assunção, jornalista, Facebook
Caros e caras, deixa contar uma história pra vocês que achei sensacional: o autor foi um rapaz chamado Fred, que é dono do Sebo Corsarium (…). O sebo, pequeno e simpático, fica na Galeria Le Village, na Rua Augusta, ao lado do Cineclube Itaú.
Ele disse que, um tempo atrás, estava trabalhando normalmente quando entraram no seu estabelecimento vários argentinos, enormes, parecendo armários, vestidos com a camiseta da seleção argentina e do Boca Juniors.
Naturalmente, ficou preocupado, pensando em parte dos torcedores dos times brasileiros, e pensou que iam vandalizar o sebo, mas não. Os gigantes, que lembravam de acordo com ele o Obelix, companheiro do Asterix, queriam livros de literatura brasileira.
“Passada a surpresa, ofereci livros em espanhol para eles, mas não, eles queriam obras de escritores brasileiros como Clarice Lispector e Zuenir Ventura.” Todos eram leitores, embora trabalhassem em funções simples como de pedreiros e porteiros em sua terra.
Cada um comprou uma pilha de livros, escritos em português, que mostravam, orgulhosos, uns para os outros.
Vejam a diferença para a nossa realidade: eles não eram membros da classe média, mas gente pobre, moradora da periferia de Buenos Aires, onde, por sinal, vivia o Papa Francisco, e nas “villas miserias”, como eles chamam as favelas.
Depois de tudo, disseram que não fazia a menor diferença o time ganhar ou perder. O que importava é que levariam livros em português, de autores brasileiros, para casa.
Seria possível imaginar coisa parecida com nossas torcidas?
Achei essa história tão boa que fiz questão de contá-la.
Abraços a todos e todas!