O Diabo não está morto

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado

O jogo, eleição não se ganha de véspera. Lula é favorito contra Bolsonaro mas seria muita irresponsabilidade achar que a fatura está liqüidada. O estado de destruição do Brasil não permite a brincadeira do salto alto.




Um fato que chama a atenção nas pesquisas eleitorais é a resiliência de Bolsonaro na casa dos 25% das preferências. É uma taxa baixa para um governante com a caneta na mão e que tenta a reeleição, mas é até certo ponto inexplicável por ser alta para quem carrega vários crimes na capivara recheada, incluindo genocídio.

Gostemos ou não, e obviamente não gostamos, esse no mínimo um quarto do eleitorado comunga das “ideias” do sujeito. É, amigo ou amiga, o Brasil que temos para hoje. Tomara que não seja o de amanhã. E não é terrorismo psicológico supor que o percentual de apoio ao genocida possa crescer um pouco mais.

Não é possível ainda mensurar o efeito total do auxílio emergencial de 400 reais que o picareta promete pagar, criminosamente, só até o final do ciclo eleitoral. Parece pouco para quem é de classe média, mesmo baixa, mas para miseráveis significa a diferença entre comer feijão com arroz ou absolutamente nada. Sim, o auxílio pode turbinar um pouco a campanha do genocida.

Tudo, no mundo louco em que de repente irrompe até uma guerra, é arriscado na hora de fazer previsão. Mesmo o alcance eleitoral dos 400 reais mensais pode ser comprometido por um fator que parece fora de controle do governo, a inflação, principalmente a de alimentos. Quem vai a supermercados certamente está assustado com a velocidade das demarcações no preço da comida. Nesse ritmo, os 400 reais vão virar quase pó até outubro.

Com todas as ressalvas acauteladores possíveis e devidas, a boa lógica política indica que Bolsonaro não cai de 25%. É daí para cima. Ainda no terreno da razão, a famigerada terceira via, numa hipótese hoje otimista demais para qualquer um de seus nanicos eleitorais, não passa de 15%.

E Lula? Bem, é o único que se pode cravar como garantido no segundo turno. Ninguém no meio político imagina que o ex-presidente da República não atinja pelo menos 40% no primeiro turno. Para se ter uma base confiável de comparação, Fernando Haddad obteve 29% na volta inicial em 2018, em condições totalmente adversas, no auge do antipetismo e com Lula na prisão. E, convenhamos, o apelo popular de Lula é bem maior do que o de Haddad.

Dito isso, continua sendo o mais provável que Lula não consiga fechar a fatura no primeiro turno. Não é impossível, mas a boa prudência recomenda a preparação para o segundo turno.

Não devemos menosprezar, por exemplo, o tamanho da campanha baixa que será feita contra o petista. Se as Fake News mataram Haddad na última corrida, é previsível que o esgoto será potencializado contra o favorito de agora.

E as costuras políticas que Lula está tentando indicam que ele mesmo trabalha seriamente com a possibilidade de enfrentar um segundo turno.

Seria um risco grande, mesmo contra Bolsonaro, jogar todas as fichas numa campanha confinada à esquerda.

Os votos do campo popular Lula já tem. Os que criticam a busca do ex-presidente por maior abrangência esquecem que entre Bolsonaro e Lula boa parte, se não a maioria da tal terceira via e da grande mídia vai simular desgosto mas vai com o genocida. O tempo vai confirmar a aposta.

Assim como jogo, eleição não se ganha de véspera. Lula é favorito contra Bolsonaro mas seria muita irresponsabilidade achar que a fatura está liqüidada. O estado de destruição do Brasil não permite a brincadeira do salto alto.

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