Por Adriana do Amaral, jornalista
O ano de 2023 começou bem, e mal. Às inesquecíveis imagens perpetuadas na capital federal, Brasília, quando testemunhamos um povo brasileiro diverso e democrático celebrando o governo popular do Brasil, precederam à minha história individual. Aos brados de comunistas,“ofensas” equivocadas de quem não enxerga um palmo diante de seu egoísmo, abandonamos definitivamente parte do núcleo familiar, tolerado nos últimos seis anos. Um pequeno grupo radical.
Poucos dias depois, a demonstração do ódio nas redes sociais, que soma mais de 100 mil visualizações, com ofensas à mim e ao homenageado, presidente Lula, deixaram o ambiente digital e desvelaram a reação raivosa coletiva, que se materializou na tentativa de Golpe de Estado.
O grupo de extremistas de direita se avolumou, não mais batendo no peito, orgulhosamente, “sou cidadão de direita”, mas dilapidando o patrimônio público nacional.
Há cerca de quatro anos, eu escrevi que Jair Bolsonaro havia desvelado o pior do brasileiro. O fenômeno chamado bolsonarismo, na verdade, é ainda maior do que a criatura. Aqueles brasileiros que se espelham no egoista mentiroso-mor da nação (ególatra, irresponsável), tenho certeza, apenas esperava por um algoz para chamar de seu.
O lastro do colonialismo, em todas as suas nuances, se acirrou na pandemia da Covid-19, quando tantos lucraram com o isolamento social. Os muros invisíveis são ainda maiores que os de alvenaria, intransponíveis na essência excludente.
O poder no Brasil mostra-se atento, mas o verdadeiro terror reside nas casas dos “cidadãos de bem”. O perigo mora ao lado e, graças aos golpistas e seus financiadores, anda armado.
Neste momento, o mundo se manifesta frente ao horror que vivemos, no Brasil. Nas ruas das capitais novas manifestações populares unem os movimentos populares como no passado recente.
É a luta do Bem contra o Mal personificada.
Todo cuidado será pouco.