Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, no Facebook
Brasil, temos um problema. A pesquisa do DataFolha de hoje dramatiza ainda mais o que está ocorrendo no Brasil: o candidato que está disparando, e que pela lógica venceria no primeiro turno, será impedido de se eleger por obra de uma dúzia de jecas, alguns com togas. Isso criará, sem observação militante alguma, uma inevitável crise de legitimidade para quem vencer. Corremos o risco da reedição do Temer 2.
O mais notável da pesquisa do DataFolha são os 39% de Lula após anos de bombardeio em todas as mídias, notadamente no JN, e de quase 5 meses preso, sem poder falar ao seu eleitorado. Mais, é a única curva ascendente. Na espontânea, por exemplo, passou de 10% para 20%. O ex-presidente é um fenômeno eleitoral avassalador.
Para fugir da discussão sobre o que motiva o voto em Lula (seus governos excepcionais e inclusivos) a maioria da grande mídia tenta enviesar uma discussão que está realmente posta: como e quanto Lula transferirá para Haddad?
O próprio levantamento do instituto esclarece. Mesmo sem oficialização da retirada de Lula, mais da metade de seus eleitores declaram que seguirão com a candidatura que ele indicar. É bem razoável supor que a grande maioria se obterá com a campanha em andamento, mesmo com o tempo espremido.
Outra esperança contra Haddad é a projeção que Marina tem HOJE no espólio lulista. Tende a diminuir muito com a aproximação de 7 de outubro e, também, com o espaço mínimo que Marina terá na TV e com sua estrutura partidária praticamente inexiste.
Ciro? Tá na mão de Deus. Os caminhos estão obstruídos. Sua pequena chance é o PT nordestino não acolher Haddad.
No campo da direita à extrema-direita, o DataFolha insinua alguma novidade. Bolsonaro é resiliente na boa casa dos 20%. Pode levá-lo ao segundo turno. Ocorre que já perde para todos os outros, com exceção de Haddad no estágio atual, numa segunda rodada. Bolsonaro já é o líder em rejeição, ascendente por sinal.
Há um dado no levantamento que sugere que Alckmin tem de fato espaço para entrar no páreo. O ex-governador paulista cresce em todas as simulações de segundo turno. O dado pode ser prenúncio.
Enfim, todas as pesquisas da semana apontam para a dança de dementes que infesta a Democracia brasileira: aquele que é, queiram ou não, o dono do coração e da gratidão da maioria do eleitorado será barrado por magistrados sem voto e comprometidos com as Organizações Globo, que aliás sai como derrotada da ópera de horrores. Bateu tanto em Lula que só fez aumentar a dimensão política do ex-presidente
