Por Fernando Brito em Tijolaço –
O esbulho está consumado, o golpe, não ainda.
O esbulho, para os que não sabem a palavra, é o ato de privar alguém da posse de algo que é legitimamente seu, por meios violentos ou clandestinos ou ainda por abuso de confiança.
O cargo de Presidente já foi tomado de Dilma. Não formalmente, o que nem a votação deste domingo faz, mas politicamente já há temos, quando se a impediu – e ela acedeu – de governar com o programa e as forças que a elegeram.
O golpe ainda se vai completar, porque ele depende da entrada de Michel Temer no exercício do cargo esbulhado de Presidente, para que comece a se reverter todo o leque de políticas sociais que, por uma década e meia, progressivamente se desenvolveu.
E aí sim será o golpe, porque terá sido atingida a essência desta usurpação, levar de volta o Brasil estrutural – e não circunstancialmente – ao que era no passado.
A caricatura político-parlamentar que assistimos na noite de domingo mostra o tipo de composição terá o regime espúrio que teremos.
O comportamento do Supremo, sentando em cima do pedido de afastamento de Eduardo Cunha do comando da Câmara, dá ideia da proteção judicial que teremos diante deles.
O Brasil foi empurrado ao ridículo.
Imaginem a visão do mundo civilizado diante de uma votação em que os argumentos mais usados para derrubar um governo eleito são Deus, o filho fulano, o neto sicrano ( vou pular o “Luciana, meu amor, a Igreja Quadrangular e o “Valentina, o meu voto é sim”), tudo sob a batuta de um “presidente do júri” lambuzado da lama da corrupção até a medula.
Investimento estrangeiro? Só em condições coloniais.
Gestão profissional? Com isso?
A “vaca fardada” do General Olímpio Mourão e Costa e Silva são intelectuais da Sorbonne.
O capital, para reassumir o controle político do país topou “fazer um programa” com o que há de mais desclassificado na política brasileira. Não pense que a conta será paga com uns trocados na mesa de cabeceira.
O Brasil está sendo entregue, chocado e manietado, a uma corja que, com muita precisão, a deputada Alice Portugual definiu como “cretinismo parlamentar”
Se dependesse de sua representação parlamentar, o brasileiro médio seria um Homem de Neanderthal.
Aliás, estou sendo injusto com os neandertais.
Isso não se sustenta, qualquer um verá, exceto pelo uso da força.
E à força vamos enfrentá-la.
Já não apenas em nome da democracia, mas em nome da civilização.